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Física

O voo das sementes de dente-de-leão

Fluxo de ar entre os filamentos das sementes as mantém suspensas por longas distâncias

pixabay.com

Quase todo mundo já soprou um dente-de-leão e observou suas sementes voarem ao sabor do vento. Graças ao formato semelhante ao de um paraquedas, com uma haste presa a um tufo de 100 filamentos (pappus), elas conseguem percorrer longas distâncias antes de caírem no chão. Foi assim que a espécie conseguiu se espalhar pelo mundo. Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, e das universidades de Twente, na Holanda, e Pisa, na Itália, usaram equações da dinâmica dos fluidos para analisar o comportamento de voo das sementes de dente-de-leão e conseguiram modelar os padrões de fluxo de ar que se forma em volta do pappus enquanto elas flutuam (Physical Review Fluids, 2 de julho). Sabe-se que, durante o voo das sementes, parte do ar passa ao redor do tufo de filamentos, assim como o faz ao passar por cima e por baixo da asa dos aviões. Parte do ar também passa entre os filamentos. A combinação de fluxos provoca um redemoinho (vórtice) acima do pappus, criando uma região de baixa pressão que puxa a semente para cima, diminuindo a velocidade com que ela cai em direção ao solo. Esse mecanismo de sustentação de voo foi primeiro observado e descrito em 2018 por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Agora, no novo estudo, os pesquisadores suíços, holandeses e italianos afirmam que o modelo que desenvolveram é capaz de projetar esse vórtice sobre o pappus com as mesmas formações observadas pelos escoceses. Eles rodaram o modelo usando diferentes números de hastes e verificaram que o número ideal era 100, o mesmo encontrado em um pappus real. Com 100 filamentos, o pappus era mais estável enquanto flutuava. Quando adicionavam mais filamentos ao modelo, o voo tornava-se instável. Se reduziam o número, as sementes perdiam sustentação e a distância de voo diminuía.

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