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Boas práticas

Suporte estatístico para revistas de psicologia

Elisa Carareto

Um grupo de pesquisadores das universidades Stanford e da Califórnia, Davis, nos Estados Unidos, propôs uma estratégia complementar para prevenir erros e vieses nas conclusões de pesquisas do campo da psicologia: a adoção de uma etapa na revisão de artigos científicos dedicada a verificar a robustez estatística dos resultados. Em um paper publicado na revista Advances in Methods and Practices in Psychological Science, o time de autores liderado pelo psicólogo Tom Hardwicke, do Centro de Inovação e Metapesquisa de Stanford, ressalta que o apoio de um revisor especializado em estatística se tornou um padrão em revistas da área biomédica desde os anos 1970 com o objetivo de evitar a divulgação de dados equivocados, mas ainda é um expediente raro em periódicos de psicologia. Segundo o grupo, esse recurso poderia ajudar a enfrentar o que se convencionou chamar de “crise da reprodutibilidade” da psicologia, uma sucessão de casos de artigos científicos que caíram em descrédito porque seus resultados não foram confirmados em experimentos subsequentes – alguns por erros e outros por fraudes não detectados no processo de revisão por pares. “Preocupações sérias sobre a credibilidade da pesquisa em psicologia vêm sendo levantadas e entre as causas mais importantes estão erros de interpretação e mau uso de métodos estatísticos”, escreveram os autores.

Hardwicke entrevistou 39 editores de publicações científicas de psicologia e constatou que 71% não diferenciam a revisão por pares tradicional, que avalia se os métodos são adequados e os resultados têm nexo, da revisão estatística, aquela capaz de identificar cálculos e análises equivocadas ou o uso de amostras pequenas demais para lastrear conclusões categóricas. Também foi observado que 44% dos responsáveis pelas revistas consideram esse cuidado adicional desnecessário. Há exceções, como o periódico Psychological Science, que desde 2016 mantém seis especialistas em estatística para avaliar os trabalhos submetidos para revisão. Segundo o grupo, a revisão estatística não resolveria todos os problemas da pesquisa em psicologia, mas, em combinação com uma melhoria no treinamento em estatística de pesquisadores em início de carreira, poderia ajudar a reverter a crise de reprodutibilidade.

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