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Tecnociência

Desinformação nas bulas brasileiras

Ainda este ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária deverá publicar uma nova normatização alterando os textos das bulas de medicamentos. Uma pesquisa feita em Brasília em 2000, mas publicada agora em março na Revista de Saúde Pública (volume 36, nº 1,  www.scielo.br/rsp) da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, revelou que a maioria das bulas estudadas tinha informações insuficientes. Foram analisadas por amostragem 168 bulas de 41 fármacos pertencentes à Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, baseada na lista da Organização Mundial de Saúde, que cobre um grande número de patologias. Das 168 bulas estudadas, 91,4% mostraram-se insatisfatórias do ponto de vista de informação ao paciente e 97% eram incompletas quanto à parte relativa às informações técnicas.

“Quanto à parte reservada a informações ao paciente, a maioria delas trazia informações incompletas, como frases feitas que nada informavam ao consumidor”, diz Silmara de Almeida Gonçalves, farmacêutica-bioquímica que realizou o trabalho com outras três pesquisadoras. Por exemplo: no item sobre reações adversas ao paciente, muitas bulas se limitaram a incluir a frase “Informe ao médico o aparecimento de reações desagradáveis”, deixando de dizer quais as mais importantes por freqüência ou gravidade. A parte de informações técnicas da bula, útil para médicos, enfermeiros e farmacêuticos, tinha problemas sérios de falta de dados. “Por exemplo: os medicamentos injetáveis, de modo geral, não informavam sobre estabilidade após diluições e possíveis incompatibilidades quando administrados junto com outros injetáveis.” A alteração das normas deverão sanar esses problemas.

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