Imprimir PDF Republicar

Estratégias

Jornalismo para cientistas

Se há problemas, a culpa é da imprensa, que não soube noticiar, explicar e nem reproduzir corretamente as informações. E, ainda por cima, distorce fatos. Tais afirmativas, comuns na boca de políticos, parecem se repetir com freqüência crescente nos Estados Unidos entre pesquisadores quando o assunto é a imprensa especializada em ciência e tecnologia. Editorial da revista Nature (4 de abril) chama a atenção para as freqüentes críticas de pesquisadores ao “mau jornalismo” que acabam por “desvirtuar” o trabalho científico. A revista alerta para o fato de os exemplos ruins serem exceção e não a regra. Além disso, os cientistas têm uma clara dificuldade em lidar e entender as necessidades da mídia.

Hoje, é comum o jornalista procurar a especialização em ciência – mas continua sendo raro o pesquisador que se interessa em entender como funciona a mídia. Um episódio recente colocou a questão na ordem do dia. O jornal The Seattle Times fez uma série de reportagens em 2001 sobre o Fred Hutchinson Cancer Research Center, em Seatte. O centro teria errado ao informar a pacientes sobre os riscos de um experimento contra câncer realizado nos anos 80. O jornal concluiu que os pesquisadores tinham interesses financeiros no trabalho e por isso levaram os testes adiante, o que teria abreviado a vida dos pacientes envolvidos.

Os pesquisadores se defenderam alegando que a reportagem é que estava errada. Pelo trabalho, os repórteres do Seattle Times foram indicados ao Prêmio Pulitzer, o mais importante do jornalismo norte-americano (não ganharam). Em março, o Wall Street Journal entrou na briga acusando o Seattle Times de ter deturpado o trabalho científico. O bate-boca, como era de se esperar, não deu em nada. Mas cientistas e jornalistas deveriam aproveitar e tirar algum proveito do episódio.

Republicar