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Estratégias

Como comunicar os riscos da cura?

Alguém anuncia um novo medicamento ou terapia e, pronto, começam as especulações sobre efeitos colaterais. Entrevistadores de rádio e televisão acuam pesquisadores com a pergunta: é 100% seguro? Dizer que sim pode ser leviano. Citar estatísticas, teórico demais. Afirmar que não se sabe, frustrante. Por isso, responder à questão sem ferir suscetibilidades tornou-se assunto de um congresso que reuniu, em julho, cientistas, jornalistas e políticos no Science Media Centre, de Londres, órgão criado com o intuito de aprimorar as relações entre os cientistas e a mídia (Nature, 15 de agosto).

As opiniões dos congressistas variam. A maioria acredita que acrescentar às explicações um “estou confiante” pode aplacar as suspeitas do público. Ninguém, entretanto, discorda de que é melhor evitar expressões do jargão científico do tipo “taxa conjuntural de incerteza”. A questão de como apresentar estatísticas também esteve em pauta. Alguém lembrou que, recentemente, a imprensa informou que a terapia de reposição hormonal aumenta em 26% os riscos de incidência de câncer de mama, omitindo que a cifra significa um acréscimo de apenas oito casos em 10 mil mulheres. Segundo David Purdie, obstetra do Hull Royal Infirmary, isso equivale a dizer que Cristo foi traído por 8,5% de seus apóstolos. “Quando, na verdade”, diz, “quem fez o trabalho foi só um dos 12.”

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