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Indústria

Patentes em ação

FAPESP faz o primeiro licenciamento de um produto gerado em programa de inovação tecnológica

Miguel BoyayanBrocas odontológicas com ponta de diamante sintético, que funcionam em aparelhos de ultra-som, acabam de ser lançadas no mercado e vão renderroyalties para a FAPESP e para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A empresa produtora é a Clorovale Diamantes, de São José dos Campos, que recebeu financiamento da Fundação, por meio do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), para o desenvolvimento do produto. Esse é o primeiro contrato de licenciamento realizado pelo Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia (Nuplitec) da FAPESP, que também financiou o depósito da patente no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão.

A empresa foi montada por pesquisadores do Inpe, que aproveitaram o domínio da técnica de produção de diamante CVD (Chemical Vapor Deposition, ou deposição química na fase vapor) para incorporá-la às brocas odontológicas (veja Pesquisa FAPESP nº 52 e nº 78). “Cada broca custa R$ 200,00, cerca de 20 vezes a mais que as brocas convencionais, porém elas dispensam anestesia em mais de 70% dos casos, são mais precisas e não possuem aquele tradicional barulho do motor de rotação.

Além disso, são de 20 a 30 vezes mais duráveis”, afirma o físico Vladimir Jesus Trava Airoldi, um dos fundadores da empresa. Ele calcula que o faturamento bruto das vendas nos dois primeiros anos atinja os R$ 28 milhões. Sobre esse faturamento, menos os impostos, serão 4% de royalties, nos dois primeiros anos, e 5% por mais três, conforme o contrato de exclusividade com a Clorovale. A perspectiva é obter mais de R$ 1 milhão por ano, que serão divididos entre os inventores, a FAPESP e o Inpe.

“Esse caso mostra que os modelos de financiamento do PIPE e do Nuplitec estão consolidados”, comenta o professor Edgar Dutra Zanotto, da Universidade Federal de São Carlos e coordenador do Nuplitec. “Com esse licenciamento, inauguramos um novo e efetivo mecanismo para aumentar a receita da FAPESP, redirecionando os ganhos com royalties para outras pesquisas.”

Para Airoldi, o investimento vai voltar para a sociedade. Ele e sua equipe preparam cursos para que os dentistas aprendam a usar as novas brocas, enquanto reivindicam a aprovação dessa técnica pela Food and Drug Administration (FDA), a agência norte-americana de controle de alimentos e medicamentos. Quando obtiver essa aprovação, a exportação das brocas será facilitada. “Várias empresas já nos procuraram para vender nosso produto em outros países”, diz Airoldi. A exportação vai completar a lista de boas notícias da Clorovale.

O projeto
Brocas de diamante CVD para equipamento de ultra-som utilizado em odontologia (nº 00/14489-1); Modalidade Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (PAPI); Coordenador Vladimir Jesus Trava Airoldi – Inpe; Investimento R$ 11.000,00 e US$ 30.000,00

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