Imprimir PDF Republicar

Geociências

Informação estratégica

Sistema identifica com mapas e fotos a origem de chamadas telefônicas

Um morador de São José do Rio Preto (SP) chama o serviço de emergência da Polícia Militar. Antes de ser atendido, um operador sentado em frente a um computador instalado na Central de Atendimento da corporação já sabe o número do telefone e o endereço de onde partiu a chamada. Quase ao mesmo tempo tem acesso a um mapa da região, além de fotografias aéreas do bairro, da quadra e fotos frontais da fachada da residência ou do ponto comercial que pediu ajuda. As informações são repassadas à viatura que estiver mais próxima do local, com detalhes como terrenos baldios existentes ao lado ou dados relevantes que possam ajudar a elucidar casos de roubos, assaltos e outras ocorrências. O rastreamento imediato das chamadas, acompanhado da localização geográfica, tornou-se possível com o sistema Geofone, desenvolvido pela empresa Geodados Mapeamento e Pesquisa com o apoio do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP.

“Percebemos que havia uma demanda no mercado por informações relacionadas à origem da chamada telefônica e que era possível trabalhar com a tecnologia do telefone integrada à dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG), um banco de dados com informes sobre zoneamento, propriedades, estradas, escolas e parques relacionados à localização geográfica”, diz o geólogo Flávio Gonçalves Boskovitz, coordenador do projeto Geofone em parceria com o tecnólogo Gabriel Gonçalves Dias Moreno.O sistema utiliza de forma integrada o telefone, o identificador de chamadas telefônicas e o computador. O identificador de chamadas transmite o número para o computador, que, instantaneamente, exibe o local. Antes, porém, é preciso fazer o mapeamento de toda a cidade. O Geofone foi instalado na PM de São José do Rio Preto como parte dos testes realizados para avaliar a viabilidade do projeto, aprovado em maio de 2000 e encerrado no mesmo mês de 2003. “Fomos beneficiados porque agora conseguimos direcionar e coordenar antecipadamente a ação policial”, diz o sargento Edimilson Leite da Silva. O programa também funciona como um banco de dados que registra, por exemplo, as chamadas feitas em cada região mês a mês e os locais com maior índice de roubos de veículos ou de furtos.

Cadastro único
O atendimento deemergências policiais é apenas uma das aplicações do Geofone. Ele foi concebido para ser utilizado por serviços públicos de atendimento ao cidadão, além de serviços privados de pronta entrega e de atendimento ao consumidor. Caieiras, município paulista localizado na região de Jundiaí, adquiriu o sistema para integrar informações que dizem respeito aos seus 80 mil habitantes. Para isso, fechou um contrato de R$ 250 mil com a Geodados. Inicialmente, o programa foi implantado na Secretaria de Educação, mas já começou a ser adotado pelas outras secretarias.Carlos Alberto Reze, diretor de tecnologia da prefeitura, diz que todas as ligações são identificadas, independentemente da origem. “Se a chamada for feita de um telefone fixo, aparece a fachada da casa, se for de um orelhão, a rua onde está localizado, e, no caso de celular, a identificação do proprietário.” Segundo Reze, se ocorrer qualquer tipo de acidente em uma escola, enquanto o aluno é encaminhado ao postode saúde, os pais são avisados. Em caso de emergência, tanto as escolas como os postos de atendimento médico têm acesso à ficha do aluno em que estão registrados dados como tipo sanguíneo, doenças que já teve, alergia a medicamentos. Os moradores, por sua vez, podem pedir qualquer tipo de informação na prefeitura, como dívidas, impostos etc., já que todos os departamentos municipais estão interligados em um cadastro único.

Dados essenciais
Em Potirendaba, cidade de 14 mil habitantes próxima a São José do Rio Preto, o sistema começou a operar em março do ano passado integrado ao Disque-Denúncia, serviço municipal que acolhe reclamações e sugestões relacionadas a água, esgoto, buracos nas ruas, saúde e outros. Diariamente são atendidas, em média, cinco chamadas, encaminhadas aos coordenadores de áreas. “Essa é a maneira mais prática de o prefeito saber tudo o que acontece na cidade”, diz Rosângela Ferrari, responsável pelo serviço.Atualmente, a equipe da Geodados está desenvolvendo o Geofone para o Corpo de Bombeiros de Botucatu (SP), previsto para começar a operar em abril. Além da informação geográfica, na tela vão aparecer dados essenciais para a escolha do carro e dos instrumentos que serão enviados para o local, como o tipo de construção que solicitou o serviço. No caso de abrigar material inflamável, por exemplo, os imóveis do entorno serão avisados do risco.

O Geofone não tem concorrentes no Brasil, segundo Boskovitz. Apenas uma empresa norte-americana oferece um produto semelhante, mas bem mais caro. Por enquanto, tem atraído principalmente a atenção de prefeituras, embora já tenha conquistado clientes como pizzarias, farmácias e planos de saúde. “Acreditamos que é uma solução que ainda tem muito espaço para ser difundida”, diz Boskovitz.

O Projeto
Geofone: Sistema Integrado para Obtenção de Informação Georeferenciada para Serviços de Emergência (nº 99/11676-6); Modalidade Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE); Coordenador Flávio Gonçalves Boskovitz – Geodados; Investimento R$ 257.023,00

Republicar