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Tecnociência

A esclita de quem fala elado

Crianças que trocam o r pelo l ao falar podem apresentar problemas de alfabetização. Um estudo publicado nos Arquivos de Neuropsiquiatria demonstra essa relação entre fala e escrita ao constatar mais erros em ditados e redações de crianças de 9 anos que, três anos antes, apresentavam aquisição e uso incompletos dos fonemas em sua fala espontânea, cometendo trocas e omissões.

“Se ao usar o a criança diz porta e parede, mas peto para preto, apresenta aquisição fonológica incompleta”, explica o fonoaudiólogo Márcio Perrini França, um dos autores do trabalho realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em um grupo de 236 crianças de 6 anos de uma escola particular de Porto Alegre, havia 20 crianças com domínio incompleto da fala.

Três anos depois, embora nenhuma alteração tenha sido constatada na fala espontânea dessas crianças, 15 delas cometeram 1,5 erro de troca em pares de fonema, como s-zf-vt-d e c-g, em um ditado ante 0,5 de um grupo controle de 56 crianças.

Na produção de um texto com base em uma figura, o primeiro grupo escreveu em média 78,8 palavras e o segundo, 90,9. O estudo constatou que o grupo com domínio incompleto da fala aos 6 anos usou em média 3,7 anos de chupeta diante de 2,5 anos dos controles, mostrando uma possível associação com os atrasos na aquisição fonológica, já que a presença desse objeto na boca interfere na articulação dos sons da fala.

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