Imprimir PDF Republicar

Eleições

A “emocionalização” da política

O artigo Campanhas eleitorais em sociedades midiáticas: articulando e revisando conceitos busca, por meio de um processo de revisão e articulação de conceitos, explicitar como os novos modos do fazer política estão relacionados com alterações profundas que extrapolam o campo da política, afetando a totalidade da sociedade. Segundo o estudo, o uso intensivo de pesquisas e do marketing, a centralidade dos meios de massa, a profissionalização dos participantes, a personalização e o uso de apelo publicitário sedutor-emotivo emergem como as principais características das campanhas eleitorais modernas. “A ‘emocionalização’ da comunicação política televisiva, que se dá por meio do uso de técnicas advindas da propaganda comercial, constitui sério risco ao sistema democrático, em que os atores deveriam se pautar por critérios eminentemente racionais na escolha, sustentação e implantação de governos, governantes e políticas públicas”, alerta o autor do estudo, Pedro José Floriano Ribeiro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ribeiro demonstra que as campanhas eleitorais modernizadas representam apenas a cristalização, no campo político, de uma transformação que, ao se alastrar por inúmeras esferas do cotidiano, já transformou as sociedades contemporâneas mais complexas em “sociedades midiáticas”. “Mais do que uma invenção de políticos oportunistas, marketeiros ou especialistas em pesquisas, as novas feições das campanhas eleitorais estão inseridas nesta estrutura midiática que constrange, limita e incentiva”, acredita. Ribeiro conclui, na contramão daqueles que enxergam as campanhas modernizadas como obras de políticos “apolíticos”e publicitários oportunistas, que os novos modos do agir político representam apenas a ponta de um iceberg que possui em sua base transformações de ordem social, política e tecnológica muito mais profundas.

Revista de Sociologia Política nº 22 – Curitiba – jun. 2004

Link para o artigo

Republicar