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Brasil

As cores da morte

Homens e mulheres brancos morrem geralmente de doenças crônicas como câncer ou das que acometem os aparelhos circulatório, respiratório, digestivo ou endócrino, além das congênitas ou relacionadas à nutrição, aos ossos ou à pele. Já a morte dos negros está associada a causas externas, como doenças infecciosas, problemas na gravidez ou no parto, além de transtornos mentais, de acordo com um estudo conduzido por Luís Eduardo Batista, do Instituto de Saúde, de São Paulo, e publicado na Revista de Saúde Pública.

Esse trabalho, feito em conjunto com Maria Mercedes Escuder e Julio Cesar Pereira, da Universidade de São Paulo, mostrou também que o risco de uma mulher negra morrer em conseqüência de doença infecciosa ou parasitária é 1,6 vez maior que o das mulheres brancas, enquanto a mortalidade na gravidez, no parto e no puerpério é 6,4 vezes maior entre as mulheres negras que entre as brancas.

Já entre os homens negros, a mortalidade por causas externas – acidentes, atropelamentos, homicídios e suicídios – é duas vezes maior que entre os homens brancos. As conclusões se baseiam na análise das causas básicas de mortalidade em 647.321 registros de óbitos no Estado de São Paulo entre 1999 a 2001 nos quais o item raça ou cor estava preenchido (77,7% eram brancos, 5,4% pretos e 14,3% pardos). “As principais razões dessa situação”, diz Batista, “talvez sejam a falta de acesso a serviços de saúde, a forma como os médicos tratam os pacientes ou a própria exclusão social”.

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