Imprimir PDF Republicar

Sociedade

Saúde desigual

Evidências empíricas nas áreas de educação, trabalho e justiça indicam que a discriminação racial é fator importante das desvantagens econômicas e sociais enfrentadas por minorias étnico-raciais no Brasil. Apesar disso, as desigualdades étnico-raciais, no âmbito da saúde, têm sido pouco investigadas. Este é o pano de fundo do artigo “Aspectos epidemiológicos das desigualdades raciais em saúde no Brasil”, que apresenta uma série de indicadores que demonstram como as categorias raciais predizem, de forma importante, variações na mortalidade.  “A mortalidade precoce predomina entre indígenas e pretos, os níveis de mortalidade materna e por doenças cerebrovasculares são mais elevados entre as mulheres pretas, além de que no capítulo das agressões, os homens jovens pretos apresentam ampla desvantagem”, aponta o estudo. Entre as possíveis causas das desigualdades étnico-raciais em saúde, destacam-se as diferenças socioeconômicas que se acumulam ao longo da vida de sucessivas gerações. O artigo propõe que a análise do impacto, na saúde, das inter-relações entre classe social e raça é um campo promissor para a investigação e intervenção nas desigualdades de saúde. “Em sociedades como a brasileira, na qual relações de classe são racializadas e relações raciais são dependentes da classe social, a pesquisa epidemiológica deve buscar elucidar o impacto na saúde das desigualdades socioeconômicas e raciais”, diz o estudo. “O estudo das inter-relações entre essas dimensões parece ser um caminho mais promissor tanto do ponto de vista do conhecimento científico quanto de políticas públicas direcionadas a minorar as desigualdades de saúde.”

Cadernos de Saúde Pública Vol. 21, Nº 5 – Rio de Janeiro – SET/OUT 2005

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2005000500033&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

 

Republicar