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Linguística

Anchieta, o gramático

Nos séculos 16 e 17 jesuítas escreveram gramáticas sobre duas das línguas indígenas faladas no Brasil colonial. José de Anchieta e Luís Figueira descreveram o tupi antigo em 1595 e 1621, respectivamente. Luís Vincencio Mamiani, a língua indígena quiriri em 1699. “Essa produção teve como objetivo facilitar, por meio da aprendizagem das línguas, o contato entre jesuítas e indígenas, tendo em vista a colonização e a catequização,” aponta o artigo “Descrição de línguas indígenas em gramáticas missionárias do Brasil colonial”,  de Ronaldo de Oliveira Batista, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. O objetivo da pesquisa é analisar alguns dos métodos e práticas de descrição das línguas pelos jesuítas. “O que houve de comum nesses trabalhos foi também o que a gramaticografia da época renascentista utilizou com mais destaque. Um dos exemplos é o método que privilegiava a busca de equivalências entre a língua em estudo e o latim, que contava com grande prestígio na época,”  diz Batista no artigo. “Encontramos nas artes dos jesuítas a indicação de que uma redução da língua a regras deveria ser breve e econômica. O que de fato contribui para a classificação das obras jesuíticas como artes de gramática,”  diz o autor. Anchieta propôs algumas soluções originais em relação a termos utilizados e a propostas de descrição de aspectos particulares do tupi antigo. A gramática anchietana, conclui o trabalho, auxiliou muito numa reconstrução do tupi antigo no âmbito de pesquisas de lingüística histórica. Ao mesmo tempo, essa própria historiografia classificou a gramática de Anchieta como complicada para uma primeira aprendizagem da língua.

Delta – vol. 21 – nº 1 – São Paulo – jan./jun. 2005

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