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Tecnociência

Um copo de medos

EDUARDO CESARDefiniu-se uma clara ligação entre o alcoolismo e os distúrbios psiquiátricos, em especial as fobias sociais. Um em cada três alcoolistas (o termo agora recomendado, em vez de alcoólatras) apresentou transtorno depressivo grave, a mesma proporção de portadores de fobias específicas, de acordo com um trabalho coordenado por Mauro Barbosa Terra, da Fundação Faculdade de Ciências Médicas de Porto Alegre, e publicado na Comprehensive Psychiatry. Em uma amostra de 300 alcoolistas internados em três hospitais de Porto Alegre, um em cada quatro tinha fobia social, quase o mesmo tanto sofria de transtorno de ansiedade induzido pelo álcool e um em cada cinco de transtorno de ansiedade generalizada – e só um em cada quatro estava sob tratamento. Outros estudos já haviam mostrado que os alcoolistas apresentam uma prevalência de fobia social duas vezes mais alta do que na população em geral. O trabalho de Terra, além de levantar indicações que podem ajudar a explicar a abstinência, a recaída e a adesão ao tratamento, dá uma idéia clara da dimensão do casamento entre os dois problemas. Os entrevistados contaram que melhoram dos sintomas fóbicos quando bebem e pioram durante a abstinência; portanto, o álcool pode servir como automedicação.

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