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Ciência política

Brasil e Argentina

O início do século XXI é testemunha da ascensão ao poder de novos governos de esquerda e centro-esquerda na América do Sul, que apresentam pelo menos duas características em comum: o questionamento das políticas e reformas pró-mercado ocorridas na década anterior e a volta do Estado como ator central da vida econômica, de acordo com o artigo Integração e desenvolvimento no Mercosul: divergências e convergências nas políticas econômicas nos governos Lula e Kirchner, de Javier A. Vadell, da Universidade Estadual de Campinas, e Bárbara Lamas e Daniela M. de F. Ribeiro, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. A despeito desse ponto em comum, uma análise mais aprofundada permitiu aos autores do estudo perceber certa heterogeneidade de natureza programática e organizacional dos novos governos progressistas. Nesse sentido, o artigo propõe analisar as respostas dadas por Argentina e Brasil à crise do neoliberalismo, dando especial ênfase às políticas econômicas para o desenvolvimento e suas implicações para a integração regional. Essa análise mais sistemática permitiu perceber, segundo os pesquisadores, que o Brasil e a Argentina têm feito escolhas distintas no que diz respeito ao tipo de política adotada. O primeiro, dizem eles, recorre a práticas mais ortodoxas, como políticas monetárias restritivas para conter as expectativas de inflação, enquanto o segundo prefere medidas heterodoxas, como controle de preços e restrição às exportações. Para os autores, em certa medida, a diferença entre as escolhas pode ser atribuída à própria trajetória econômica e política de ambos os países: as reformas pró-mercado, por exemplo, foram mais intensas na Argentina do que no Brasil, o que implicou, no que diz respeito à estrutura produtiva, uma maior desindustrialização e a extinção de algumas instituições desenvolvimentistas.

Revista de Sociologia e Política – vol. 17 – nº 33 – Curitiba – jun. 2009

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