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Endocrinologia

Dieta nikkei

O casamento interétnico entre brasileiros nikkeis e não nikkeis pode favorecer a ocidentalização da dieta, de acordo com o artigo “União interétnica de nipo-brasileiros associada a hábitos alimentares menos saudáveis e ao pior perfil de risco cardiometabólico”, de Carla Yamashita e Sandra Roberta G. Ferreira, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Renata Damião, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Rita Chaim, da Faculdade de Nutrição, Universidade do Sagrado Coração, Helena Aiko Harima e Mário Kikuchi, da Universidade Federal de São Paulo, e Laércio J. Franco, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Nikkei é a denominação japonesa para descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou para japoneses que vivem no exterior. No estudo, compararam-se consumo alimentar, dados clínico-laboratoriais e frequências de doenças metabólicas em população nipo-brasileira, com casamento intraétnico ou interétnico. Em 1.009 nipo-brasileiros havia 18,9% de casamentos interétnicos, mais frequentes entre homens nikkeis. Estes apresentaram maiores médias de Índice de Massa Corpórea (IMC), cintura, pressão arterial, glicemia e triglicérides que as mulheres. As frequências de obesidade, hipertrigliceridemia e síndrome metabólica foram 47,7%, 68,1% e 45,2%, sendo maiores nos casamentos interétnicos comparados aos intraétnicos. Comparando-se indivíduos com casamento interétnico, hipertrigliceridemia foi mais frequente nos homens e HDL-c baixo nas mulheres. O consumo de calorias, gorduras e dos grupos de álcool, doces e óleos foi maior nos casamentos interétnicos. Indivíduos casados intraetnicamente consumiam mais carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas, minerais, hortaliças, frutas/sucos, cereais e missoshiru. Comparando-­se indivíduos com casamento interétnico, homens nikkeis apresentavam padrão mais ocidental que mulheres nikkeis. Os autores concluíram que o casamento interétnico associa-­se a hábitos alimentares menos saudáveis e pior perfil de risco cardiometabólico.

Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia – vol. 53 – nº 5 – São Paulo – jul. 2009

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