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SciELO

Médicos e álcool

O estudo “Uma experiência pioneira no Brasil: a criação de uma rede de apoio aos médicos dependentes de álcool e drogas. Um relatório preliminar” pretende apresentar a criação e o funcionamento de serviço específico para médicos no Brasil, descrever o perfil sociodemográfico, prevalência de transtornos mentais e dependência química entre médicos que buscaram o serviço. Foram realizadas entrevistas clínicas semi-estruturadas para diagnóstico de dependência de álcool/drogas e comorbidade psiquiátrica. Um perfil sociodemográfico e ocupacional foi obtido. Como resultado, 247 contatos foram feitos e 192 pacientes compareceram ao primeiro atendimento. Destes, 158 eram homens, a maioria casados (55%), com idade média de 42 anos. As causas de procura por atendimento foram: comorbidade entre transtorno mental e dependência química (67,7%), dependência química (20,8%), transtornos mentais (7,8%), burnout (4,2%). O intervalo médio entre a identificação do problema e a busca de tratamento foi de 7,5 anos. Desemprego (21,6%), problemas no exercício profissional (63,5%), problemas no Conselho Regional de Medicina (13%), internação psiquiátrica pregressa (31,2%) e auto-medicação (71,8%) associaram-se à gravidade dos problemas. A mudança de especialidade ocorreu em 9,3% da amostra. Os autores da pesquisa, Hamer Nastasy Palhares-Alves; Ronaldo Laranjeira; Luiz Antônio Nogueira-Martins, da Universidade Federal de São Paulo, observaram uma prevalência alta de transtornos psiquiátricos bem como problemas psicossociais e profissionais nessa amostra. Serviços específicos de atenção à saúde mental dos médicos podem ter efeito catalisador nas mudanças culturais quanto à procura de ajuda, favorecendo a detecção precoce e tratamento.

Revista Brasileira de Psiquiatria  v. 29  nº 3 São Paulo  set. 2007

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