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Serra da Cangalha

Marcas de um meteorito

Núcleo central da cratera de serra da Cangalha,  no Tocantins

ANDRÉA BARTORELLINúcleo central da cratera de serra da Cangalha,  no TocantinsANDRÉA BARTORELLI

Em meio à paisagem plana e às plantações de soja do município de Campos Lindos, no Tocantins, próximo à divisa com o Maranhão, erguem-se três cadeias de serras concêntricas, com formato quase circular. Conhecido como serra da Cangalha, esse conjunto de montanhas que alcançam cerca de 400 metros de altura foi criado há cerca de 250 milhões de anos pelo impacto de um meteorito. As serras formam o que os geólogos chamam de cratera de impacto. Elas estão, na realidade, no interior de uma cratera com 13,7 quilômetros de diâmetro, que só pode ser observada em um sobrevoo na região ou a partir do espaço.

Há quase 40 anos se suspeitava que essas estruturas, observadas pela primeira vez nos anos 1960 por uma equipe que fazia explorações geológicas para a Petrobras, integrassem uma cratera de impacto. Mas faltavam mais evidências. Agora a equipe coordenada pelo geólogo Alvaro Crósta, da Universidade Estadual de Campinas, as obteve. Em expedições à região, o geofísico Marcos Alberto Vasconcelos coletou amostras de rochas que preservam tanto registros macroscópicos quanto microscópicos do impacto de um corpo celeste por ali (Journal of South American Earth Sciences, agosto 2013). Segundo Crósta, algumas das amostras indicam que essas rochas, hoje expostas nas regiões mais superficiais da Terra, se formaram a pressões altíssimas de até 10 gigapascais. Pressões tão elevadas só ocorrem nesses choques ou em regiões profundas do planeta, a centenas de quilômetros abaixo da superfície. Segundo o pesquisador, as rochas que hoje estão à flor da terra já estiveram embaixo de uma camada de quase 500 metros de sedimentos, que nesses 250 milhões de anos foram varridos pela erosão.

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