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Conversa de macaco

“Cuidado, gavião na árvore”

Guigó: vocalizações indicam tanto o tipo quanto a localização do predador

Ana Cotta / Wikimedia Commons Guigó: vocalizações indicam tanto o tipo quanto a localização do predadorAna Cotta / Wikimedia Commons

Enquanto se movem pelas árvores da mata atlântica, os guigós se comunicam o tempo todo com o resto do bando. Os que vão à frente emitem guinchos e sons parecidos com um piado indicando a direção a seguir e a presença de ameaça. Agora se sabe que esses chamados de alerta podem conter dois tipos de informação.“As vocalizações dos guigós indicam o tipo de predador e sua localização”, conta Cristiane Cäsar, bióloga da PUC de Minas Gerais. Por três anos, ela acompanhou cinco bandos de guigós na serra do Caraça, em Minas, e usou exemplares empalhados de dois predadores – o carcará e o gato-do-mato – para estudar a comunicação dos macacos. Nas trilhas dos guigós ela colocava o gato-do-mato ora no chão, onde costuma ser encontrado, ora nas árvores, onde os macacos estão menos habituados a vê-los. E fez o mesmo com o gavião. De uma tenda camuflada, ela gravou os chamados e viu que os macacos emitem vocalizações diferentes, ambas agudas e breves, uma para o gavião na árvore e outra para o gato-do-mato no chão. Com o felino na árvore e o gavião no chão, os chamados mudam. Os guigós intercalam a vocalização indicando a ave com a do predador de solo para avisar que há um carcará no chão. Com o gato-do-mato nas árvores, o chamado começa com um piado que indica ameaça no alto, seguido dos que definem o predador (Biology Letters, setembro). “É a primeira vez que se vê essa habilidade em primatas neotropicais”, diz.

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