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Nanopartículas

Mais ouro desacelera reação

Imagens de microscopia eletrônica mostram nanopartículas  de ouro, em vermelho, e prata, em verde

universidade de manchesterImagens de microscopia eletrônica mostram nanopartículas de ouro, em vermelho, e prata, em verdeuniversidade de manchester

O químico Pedro Henrique Cury Camargo, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), descobriu que catalisadores – substâncias que aceleram as reações químicas, inclusive na indústria – feitos de nanopartículas de ouro e prata tornam-se menos eficientes à medida que se aumenta a proporção de ouro no material. Dos dois elementos isolados, o ouro é o que tem maior atividade catalítica. “Por isso, se pensava que essa atividade aumentaria à medida que se elevasse a proporção de ouro”, explica Camargo. “Mas o que observamos é o contrário, o que foi surpreendente.” Para chegar a esse resultado, ele sintetizou nanoestruturas com diferentes composições, com teores crescentes de ouro, chegando a 34% desse metal na liga, para 66% de prata. Com essa proporção, as nanoestruturas bimetálicas tiveram a menor atividade catalítica. A maior ocorreu na proporção de 18% de ouro e 82% de prata. Para entender por que isso ocorria, Camargo contou com a colaboração da pesquisadora Sarah Haigh, da Universidade de Manchester, na Inglaterra. “Por meio de técnicas de espectroscopia acoplada a microscopia eletrônica de alta resolução, conseguimos mapear, em 3D, a distribuição relativa dos diferentes elementos nas nanopartículas bimetálicas”, conta. Assim, eles descobriram que, ao se aumentar a proporção de ouro, esse elemento se dirige para o centro das nanopartículas, deixando a prata na superfície, que é a região mais importante para a catálise. Mas a prata tem menor atividade catalítica, deixando o composto menos eficiente. “Quando o ouro diminui para 18%, uma mistura dos dois metais ocupa a superfície, mas com um pouco mais de ouro”, explica Camargo. “Por isso as nanoestruturas nessa proporção são mais eficientes.”

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