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Carreiras

Do quartel para o laboratório

Antes de se tornar professor na Universidade Federal do Amazonas, pesquisador seguiu carreira militar na Força Aérea

Arquivo pessoalFilho de cabo da Aeronáutica, Adolfo José da Mota cresceu em uma casa repleta de flâmulas, fardas e maquetes de aviões, de modo que seus pais não se surpreenderam quando disse que pretendia seguir a carreira militar. Em 1996, após concluir o ensino médio, foi aprovado em concurso para soldado de primeira classe, o que lhe permitiu frequentar os cursos de auxiliar e de técnico de enfermagem enquanto trabalhava no hospital de Força Aérea, em São Paulo. “Atuei como instrumentador no centro cirúrgico e plantonista na UTI por cinco anos”, relembra.

Em junho de 2001 prestou novo concurso, dessa vez para sargento. Aprovado, foi transferido para São José dos Campos, interior de São Paulo, onde trabalhou como enfermeiro no Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) por mais cinco anos. Insatisfeito com as perspectivas da carreira, decidiu cursar uma graduação. Escolheu biologia, o curso com a mensalidade mais acessível na Universidade do Vale do Paraíba (Univap).

Os rumos de sua carreira começaram a mudar quando Mota se candidatou a uma bolsa de iniciação científica no laboratório do médico Francisco Gorgônio da Nóbrega. “Saí do laboratório frustrado”, conta, sobre a primeira conversa com o professor. “Não entendia nada do que ele falava.” Apesar das dificuldades, foi aceito e iniciou seu trabalho em pesquisa. De dia, dividia-se entre a graduação e a investigação científica. À noite, dava plantões no CTA.

Animado com a dinâmica do laboratório, Mota aproveitou a política de estímulo à pós-graduação na instituição para investir em sua formação acadêmica. Ainda durante a graduação, adiantou algumas disciplinas do mestrado, o que lhe permitiu defender sua dissertação em genética de microrganismos apenas um ano depois da formatura. Quando o trabalho no CTA e a atividade de pesquisa se tornaram inconciliáveis, não hesitou: “Em fins de 2006 pedi dispensa da Aeronáutica e entrei no doutorado no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo”.

Trabalhando com genética, Mota um dia teve a ideia de analisar o próprio DNA. Descobriu que tanto ele quanto as filhas carregam uma mutação genética responsável por um subtipo de diabetes mellitus. A descoberta despertou seu interesse pela genética humana, fazendo com que aceitasse o convite para se mudar para Manaus para assumir o cargo de professor na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Há seis anos na instituição, o ex-militar de 40 anos trabalha hoje na instalação de um laboratório capaz de produzir testes para o diagnóstico de doenças moleculares a preços acessíveis na própria universidade. A proposta, orçada em R$ 1 milhão, conta com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

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