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Arte

A evolução da pintura segundo a física

O jardim das delícias terrenas, obra produzida entre 1490 e 1510 pelo holandês Hieronymus Bosch e analisada no estudo brasileiro

Reprodução / Museu do Prado

Embora a arte seja um domínio do subjetivo, um método computacional criado com base em duas medidas inspiradas pela física permitiu quantificar numericamente as mudanças de características visuais na pintura ao longo dos últimos mil anos. Os físicos Higor Sigaki e Haroldo Ribeiro, ambos da Universidade Estadual de Maringá, Paraná, e Matjaž Perc, da Universidade de Maribor, Eslovênia, analisaram imagens digitais, disponíveis no site Wiki Art, de quase 140 mil obras de 2.391 artistas de diferentes épocas e estilos, dos mestres da Renascença italiana aos movimentos da arte contemporânea. Aplicando o método computacional, os pesquisadores mediram como os tons das cores variam na superfície de cada obra e observaram que as duas grandezas físicas permitem distinguir diferentes estilos artísticos. Uma delas é a entropia da obra, que mede o grau de desordem na disposição espacial das cores. A outra é a complexidade, que indica se as cores estão organizadas de maneira simples ou complexa. O trabalho mostrou que grandes mudanças na entropia e na complexidade dos quadros coincidem com momentos revolucionários da história da arte, como o início do modernismo, nos anos 1870, e o surgimento da arte pós-moderna, a partir dos anos 1970 (PNAS, 27 de agosto). O novo método poderia, em princípio, ser usado para classificar automaticamente obras de arte. Isso possibilitaria analisar, de uma só vez, milhares de pinturas de uma coleção digitalizada, oferecendo uma visão geral de seus estilos e períodos. “A análise visual de um especialista é sempre melhor, mas pode demorar muito para avaliar um conjunto muito grande de obras”, diz Ribeiro.

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