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Urbanismo

Um polêmico aeroporto em terras sagradas incas

Allard Schmidt/Wikimedia Commons Machu Picchu, nos Andes peruanos, pode ganhar excesso de visitantes, alertam pesquisadoresAllard Schmidt/Wikimedia Commons

Nos últimos meses, o início da construção de um aeroporto para receber voos internacionais em Chinchero, no sudeste do Peru, despertou preocupação por potenciais danos aos sítios arqueológicos da região. A 3.762 metros de altitude, Chinchero abrigou um estado real inca no século XV e é patrimônio mundial da humanidade. Após o início das obras, cerca de 200 arqueólogos, antropólogos, historiadores do Peru e de outros países encaminharam ao presidente peruano, Martín Vizcarra, uma carta solicitando a realocação do aeroporto. A carta foi acompanhada de um abaixo-assinado subscrito por mais de 3.400 pessoas até meados de fevereiro. Chinchero está a 30 quilômetros a noroeste de Cusco – capital do império inca por quase 300 anos, onde há um aeroporto que recebe voos regionais e 2,5 milhões de turistas por ano – e a alguns quilômetros ao sul do Vale Sagrado, por onde os incas iniciaram a expansão de seu império. Com o novo aeroporto, previsto para estar pronto em 2023, a região passaria a receber 6 milhões de visitantes ao ano. Para os governantes, o aeroporto trará desenvolvimento e empregos. Já os pesquisadores temem que seja acompanhado de mais trânsito e urbanização descontrolada, que podem danificar os sítios arqueológicos. A vizinha Machu Picchu, afirmam os pesquisadores, não teria como receber mais do que os atuais 2.500 visitantes diários. O planalto onde está Chinchero e os vales ao redor têm caminhos e canais construídos pelos incas e são considerados sagrados. “Corremos o risco de fazer o que os espanhóis não conseguiram: destruir tudo”, disse à Science a historiadora peruana Mónica Ricketts, da Universidade Temple, nos Estados Unidos.

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