Imprimir Republicar

Divulgação Científica

IAG-USP lança livro com conteúdo de Pesquisa FAPESP

Obra reúne reportagens sobre astronomia, geofísica e ciências atmosféricas feitas com os pesquisadores do instituto

XXX

Eduardo Cesar Livro reúne 62 reportagens e entrevistas publicadas por Pesquisa FAPESP entre 2001 e 2013 com participação de pesquisadores do IAG-USPEduardo Cesar

O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) lançou um livro que reúne 62 reportagens e entrevistas publicadas por Pesquisa FAPESP entre 2001 e 2013 que envolvem pesquisas com participação do instituto. A obra, intitulada Do Centro da Terra às Fronteiras do Universo – Um compêndio de pesquisas em Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, será distribuída inicialmente a alunos, professores e funcionários da USP e colaboradores do IAG. Também será disponibilizada uma versão online no site do instituto (www.iag.usp.br).

O objetivo do projeto foi coletar e organizar todas as reportagens que envolveram trabalhos realizadas pelo IAG financiados pela Fundação nesse período. A iniciativa faz parte do programa IAG 2020, cuja tarefa é pensar o futuro da pesquisa feita no instituto nas próximas décadas. Em 2013, foi criada uma agenda de discussões e um dos temas levantados foi a necessidade de dar mais impulso à divulgação de pesquisas feitas no instituto. “Decidimos compilar o material de Pesquisa FAPESP para mostrar que é possível divulgar assuntos ligados à astronomia, meteorologia e outras áreas numa linguagem simples, agradável e de qualidade”, diz Augusto José Pereira Filho, professor do IAG e um dos organizadores da coletânea, ao lado de Carlos Alberto Mendonça, do mesmo instituto.

Ao longo de 12 anos, foram produzidas mais de 240 páginas de conteúdo jornalístico relacionado a diversos temas pesquisados no IAG em projetos apoiados pela FAPESP. Um deles é um estudo internacional sobre um gás descoberto na atmosfera da Amazônia que intensifica a precipitação. O trabalho, publicado em dois artigos na revista Science, teve a participação de Maria Assunção Silva-Dias, pesquisadora do departamento de ciências atmosféricas do IAG.

O assunto foi abordado na reportagem “Os senhores da chuva”, de março de 2004, segundo a qual por meio de uma cadeia de reações químicas, um gás liberado em abundância pelas plantas, o isopreno, converte-se em outro, então recém-descoberto na atmosfera, que se revelou um dos compostos-chave nos processos de formação das nuvens de chuva. Já outra parte do estudo revelou por que o excesso de partículas inibe as chuvas na época de queimadas, entre agosto e novembro. “As partículas resultantes da queima da floresta saturam o ar e levam à formação de nuvens mais altas que as formadas nos outros meses do ano, com gotas d’água bem menores, que, em vez de caírem na forma de chuva, permanecem em suspensão na atmosfera até evaporarem”, segundo informou a reportagem.

XXX

Eduardo Cesar Ao longo de 12 anos, foram produziras mais de 240 páginas de conteúdo jornalístico relacionado a diversos temas pesquisados no IAG em projetos apoiados pela FAPESPEduardo Cesar

Para Augusto Filho, também professor do departamento de ciências atmosféricas, reportagens desse tipo ajudam a mudar a imagem estereotipada dos profissionais de meteorologia veiculada em grandes jornais e revistas não especializadas em ciência. “Muitas pessoas têm uma visão utilitarista da meteorologia, como se fosse um conhecimento que apenas nos diz se vai chover ou não amanhã. A área é muito mais do que a moça do tempo que aparece na televisão”, diz ele. Por conta da falta de informação sobre esse campo do conhecimento, afirma Filho, o curso de graduação em meteorologia oferecido pelo IAG é um dos menos procurados.

“É preciso mostrar aos mais jovens que a meteorologia não se resume à previsão do tempo. Trata-se de uma ciência fundamental para o desenvolvimento de vários setores da sociedade, tais como indústria, agricultura, defesa, gestão de recursos hídricos, entre outros”, explica. Por essa razão, diz ele, “somente com trabalho jornalístico de fôlego como o que é feita na Pesquisa FAPESP é possível aprofundar em assuntos mais complexos e menos imediatistas”.

A astrônoma Beatriz Barbuy, do departamento de astronomia do IAG, concorda. “Ter contato com esse tipo de jornalismo, mais comprometido com o aprofundamento do assunto, é bom não só para alunos de física e astronomia, como também para aqueles que ainda estão na fase de decidir qual profissão seguir”, diz a pesquisadora, que estampou as páginas da edição de abril de 2013 com uma longa entrevista agora também publicada no livro. Atualmente, a tiragem de Pesquisa FAPESP é de 44 mil exemplares, dos quais mais de 3.600 são destinados a bibliotecas de escolas da rede pública de São Paulo.

Beatriz também destaca um procedimento posto em prática pela equipe da revista. Antes da publicação da reportagem, o texto é lido pelos pesquisadores entrevistados, para que eles possam checar informações técnicas e corrigir eventuais imprecisões conceituais. “Essa prática favorece a divulgação de pesquisas para um público mais amplo, sem deixar de lado o rigor científico”, diz ela.

Republicar