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Estratégias

Reformas irritam italianos

A grande maioria dos pesquisadores italianos está furiosa com a publicação de um decreto que dá ao Ministério da Educação plenos poderes de indicar os supervisores do Conselho Nacional de Pesquisa (CNP), órgão responsável pela pesquisa básica no país (Nature, 30 de janeiro). Lucio Bianco, presidente da CNP, afirma que o decreto fere a Constituição italiana, que garante a autonomia das universidades e instituições científicas, e ameaça entrar na Justiça caso o governo se recuse a alterar seu conteúdo. Do ponto de vista da ministra da Educação, Letizia Moratti, a medida é saneadora. A idéia é dividir o CNP, que atualmente administra 100 institutos de pesquisa, em departamentos disciplinares cujos supervisores sejam nomeados pelo ministério.

Esses departamentos teriam nomes como “ciência e tecnologia da produção de sistemas avançados” ou “ciência e tecnologia da medicina” – quer dizer, clara orientação para a pesquisa aplicada -, o que, na opinião da ministra, daria aos recursos um uso mais produtivo. “Ninguém questiona que a pesquisa precisa ser produtiva”, diz Carlo Bernardini, físico da Universidade de Roma, “mas não se pode conseguir isso colocando gerentes na direção da pesquisa básica.” Outro motivo de revolta da comunidade científica italiana é que nem mesmo os presidentes dos institutos de pesquisa básica foram chamados a opinar sobre as reformas, enquanto o ministério trocava figurinhas com a Ernest and Young, assessoria internacional que contratou para costurá-las.

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