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Tecnociência

Sucesso da vespa contra a mosca-das-frutas

Diminuir as perdas na plantação e atender às exigências cada vez maiores do mercado externo na aquisição de frutas sem resíduos químicos são dois fatores que impulsionam o controle biológico de pragas. Em São Paulo, entre os citricultores já é famoso o uso da vespa Diachasmimorpha longicaudata no combate a uma espécie de mosca-das-frutas, a  Ceratitis capitata, e cerca de 50 do gênero Anastrepha. A infestação por,  Ceratitis pode causar perdas de até 25% na produção de frutas. O controle acontece de forma natural.

A vespa ataca as larvas das moscas no interior da fruta e coloca nelas os ovos de sua espécie. A larva da vespa, então, passa a se alimentar da pupa da mosca. “Assim, são reduzidos a população de moscas e o uso de inseticidas”, afirma Júlio Marcos Melges Walder, professor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), de Piracicaba, da USP. Ele coordena uma verdadeira fábrica de vespas dentro do Cena. No ano passado, quando a produção ficou à disposição dos agricultores, 30 milhões de vespas foram comercializadas em forma de pupa para serem criadas no campo.

O estudo da vespa foi iniciado no Brasil em 1994, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trouxe esse inseto da Flórida, nos Estados Unidos, e distribuiu para alguns centros de pesquisa. Outro tipo de controle de pragas – a esterilidade dos insetos – também está em estudo no Cena. Esse método consiste em criar a  Ceratitis e esterilizar essa população com o uso da radiação de cobalto. Ao liberar os insetos estéreis, eles passam a acasalar com os férteis do campo sem possibilidade de crias. Depois de algumas gerações, a população de moscas pode ser erradicada.

Esse tipo de técnica está na mira da Embrapa, que deve instalar no país uma fábrica de machos estéreis de mosca-de-fruta para produzir 200 milhões de insetos por semana. A verba, de US$ 2,5 milhões, é do Banco Mundial. A fábrica poderá ser instalada na Bahia, no Ceará ou em Pernambuco. A decisão será da Agência Internacional de Energia Atômica, que ainda este ano vai examinar as regiões candidatas.

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