No lugar de proteínas fluorescentes ou corantes complexos, tinta nanquim misturada com gelatina, produtos que podem ser comprados em um mercado. Com esses ingredientes baratos e fáceis de serem achados, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de Surrey, na Inglaterra, desenvolveram uma técnica que permite examinar e quantificar os vasos sanguíneos no cérebro por meio da geração de imagens de alta resolução em 3D. Com o auxílio de um microscópio confocal, foi possível registrar em detalhes as ramificações de vasos em diversas regiões do encéfalo de ratos, como o córtex cerebral, o hipocampo e o cerebelo. Os animais receberam injeções do composto de nanquim e gelatina que preenche os vasos e se destaca nas imagens obtidas do cérebro (Journal of Anatomy, dezembro 2016). O método permite determinar o número, o comprimento e a área de superfície dos vasos, parâmetros que, quando alterados, podem indicar doenças circulatórias. “A técnica é simples de ser empregada e os materiais usados são muito acessíveis”, comenta o parasitologista Renato Mortara, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, um dos autores do estudo. A preparação da mistura usada no exame demora cerca de 24 horas. O próximo passo do projeto é testar o uso do procedimento em análises post-mortem e em biópsias de tecidos humanos. A técnica foi desenvolvida pelo pesquisador Robson Gutierre, que faz estágio de pós-doutorado na Unifesp.
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