O rio Amazonas é tão grande e complexo que frequentemente seus atributos são alvo de debates e redefinições. Se não há dúvida de que é o mais volumoso curso d’água doce da Terra, perduram as discussões sobre se ele é mais extenso do que o Nilo, normalmente citado como o maior rio do planeta. A idade exata do surgimento do Amazonas é outro ponto de discórdia. Um novo estudo de pesquisadores holandeses e brasileiros estima que o rio se formou entre 9,4 e 9 milhões de anos atrás, e não há 3 milhões de anos, como alguns trabalhos recentes defendem (Global and Planetary Change, 20 de março). A datação é baseada em análises geoquímicas e palinológicas (de grãos de pólen e esporos de plantas) feitas em sedimentos oriundos de um furo de sondagem para exploração de petróleo na foz do Amazonas, quando o rio deságua no Atlântico na costa do Pará. O furo chega a uma profundidade de 4,5 quilômetros abaixo do leito do mar e se situa no chamado leque submarino do Amazonas, onde os sedimentos transportados pelo rio são depositados. Por isso, a área é considerada como importante para se determinar com precisão a história evolutiva do rio, que nasce nos Andes peruanos e atravessa o norte da América do Sul. “Conseguimos reduzir as incertezas sobre o intervalo de tempo em que o Amazonas se formou”, diz a geóloga Carina Hoorn, da Universidade de Amsterdã, principal autora do trabalho. Também participou da pesquisa uma equipe da Universidade de Brasília (UnB), coordenada pelo geólogo Farid Chemale Jr. Uma análise anterior feita em 2009 por Carina e outros colaboradores, com material dessa mesma sondagem submarina, havia chegado a uma idade estimada de 11 milhões de anos para o Amazonas, estimativa agora revista.
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