Daniel BuenoEm uma recente palestra no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de
São Paulo (USP), Sergio Risola, gerente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), localizado na Cidade universitária, perguntou à plateia, formada por alunos da graduação ao doutorado, quem gostaria
de ter a sua própria empresa. “Para minha surpresa e de todos da mesa, acima de 50% dos quase 250 alunos responderam sim
a minha pergunta”, conta Risola. Para ele isso demonstra que as universidades e os professores deveriam se engajar mais na formação de seus alunos para serem empreendedores. À frente da incubadora de empresas, ele tem uma experiência rica em receber candidatos a empresários que querem desenvolver tecnologia e fazer inovação. Já passaram pelo Cietec, em 15 anos, mais de 500 empresas, sendo
que 130 saíram da incubadora
e caminham com as próprias pernas mantendo um nível
de sobrevivência acima de 90%.
“Cerca de um terço das empresas incubadas no Cietec é de pessoas que vieram da vida acadêmica, com mestrado, doutorado, pós-doc e com passagem pelos ICTs [institutos de ciência e tecnologia]”, diz Risola. “No início são pessoas com ideias mas sem empresa.” As incubadoras são o ambiente mais propício para esses iniciantes porque, além da riqueza da rede de contatos formada entre as próprias start-ups, empresários e investidores que frequentam essas instituições, contam com as consultorias gratuitas e espaço a um custo menor que o de mercado. Antes de tudo, o Cietec e outras instituições congêneres pedem aos interessados um plano de negócio em que seja explicitado o que será feito e em quanto tempo, se há propriedade intelectual e qual a percepção da inovação, se incremental, quando algum conhecimento novo foi agregado a um produto, processo ou sistema, ou radical, quando a inovação é inédita. “Nós queremos saber qual a necessidade de buscar conhecimento.” No caso dos candidatos a empresário que saíram da universidade sempre deve existir uma complementaridade do conhecimento nas universidades e ICTs, no Brasil ou no exterior.
Cietec
Ao se candidatarem ao Cietec, os futuros empreendedores passam por um curso de 40 horas para decidir se querem seguir esse caminho. “Pedimos ao candidato para fazer uma reprogramação na vida profissional e também mostramos o que ele vai enfrentar. Muitos desistem ou percebem que ainda não estão preparados e voltam mais tarde”, diz Risola, que também é professor do curso de empreendedorismo e novos negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
Entre as características pessoais para um novo empreendedor, Risola diz que ser um bom formador de equipe, saber liderar, delegar, insistir, não ter medo de errar, além de não desistir diante das dificuldades, tudo isso tem sentido, mas o mais importante é a dedicação e paixão pelo sucesso do negócio. Outra coisa lembrada por Risola é a escolha dos sócios. As brigas entre eles são responsáveis por quase 5% da mortalidade de empresas na incubadora, e seria maior se não houvesse a adequada intervenção dos gestores nas situações de falta de entendimento entre os sócios. Para Risola, é preciso escolher bem porque ninguém chega ao sucesso sozinho e as tarefas da empresa são variadas e exigem tempo.
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