
Os resultados da análise foram divulgados num texto no bioRxiv, repositório com manuscritos do campo das ciências da vida ainda não publicados em revistas. O trabalho de Elisabeth Bik foi artesanal. Primeiro, ela olhava cada artigo em busca de sinais de duplicações. Quando encontrava uma situação suspeita, submetia as imagens a um software em que podia ajustar o contraste em busca de evidências de manipulação. Sempre que aparecia alguma imagem problemática, dois pesquisadores que trabalharam com Elisabeth, Arturo Casadevall e Ferric Fang, verificavam a suspeita. Na época em que a análise foi feita, nenhum dos artigos com problema havia sido retratado. Elisabeth Bik tomou a decisão de avisar os editores das publicações sobre o que encontrou – foram mais de 700 relatórios enviados a revistas. Também escreveu para 10 instituições em que houve problemas recorrentes, com o registro de ao menos três papers de um mesmo grupo de pesquisa com imagens duplicadas. O saldo dessa iniciativa, segundo ela, foram seis artigos retratados e outros 60 corrigidos.
O estudo mostra que publicações mais cuidadosas conseguem prevenir a publicação de papers com adulterações. O Journal of Cell Biology, que desde 2002 escaneia as imagens de papers submetidos em busca de duplicações, só teve 0,3% dos artigos questionados. Já no International Journal of Oncology, havia problemas em 12% dos papers. Três países se destacaram entre os artigos suspeitos. Papers de pesquisadores da Índia exibiram probabilidade 1,93 vez maior de conter imagens duplicadas do que seria esperado pela frequência de publicação. Em seguida, aparecem a China, com uma probabilidade 1,89 vez maior, e Taiwan, com 1,20.
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