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Mudanças climáticas

À espera de efeitos ainda mais drásticos

Casas flutuantes em um porto agora seco em Iranduba, Amazonas, em 4 de outubro: forte seca pode também causar mortalidade súbita das árvores

Bruno Zanardo / Getty Images

Quem não viu imagens recentes de rios secos na Amazônia, deixando botos mortos e ribeirinhos com pouca água e pesca, vive em outro planeta. A preocupação com os efeitos de mudanças climáticas nessa região move especialistas em clima e ecologia, e pode ser ainda maior do que se estima. “Uma preocupação é que modelos climáticos subestimem a sensibilidade do sistema floresta-clima. Se for isso mesmo, a Amazônia pode estar em perigo iminente de atravessar os limites de clima ou desmatamento que resultariam em perda da floresta em larga escala”, escreveram o químico britânico Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e o meteorologista Caio Coelho, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no comentário sobre um artigo publicado na revista Science Advances por pesquisadores do Instituto de Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático, na Alemanha. O modelo climático dinâmico inclui interações entre a floresta, a atmosfera e o clima, e aponta as consequências da redução de evapotranspiração pela retirada de árvores e da entrada de umidade atmosférica por mudanças na temperatura. A mortalidade súbita das árvores quando o solo se torna menos úmido também aparece no modelo. Consideradas em conjunto, essas interações podem levar a efeitos drásticos e abruptos, de maneira mais grave do que outros modelos previam ao considerar a proporção de desmatamento ou o aquecimento suficiente para que a floresta atinja um ponto de não retorno (Science Advances, 4 de outubro).

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