A região do baixo Vale do Rio Doce abriga a lagoa natural mais profunda do Brasil. A equipe de Gilberto Barroso, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), fez um detalhado estudo morfométrico – ou seja, determinou as formas e o tamanho – da lagoa Palmas, em Linhares, perto do litoral capixaba, e concluiu que seu ponto mais fundo atinge 50,7 metros (PLoS One, 18 de novembro). Segundo o trabalho, a profundidade média da lagoa, de 21,4 metros, também deve ser um recorde nacional para formações lacustres, com exceção das represas, que são sistemas artificiais. As medidas foram obtidas por meio de um levantamento batimétrico feito em 2011 e da análise de dados sobre a hidrografia e o vento nessa parte do baixo Vale do Rio Doce. O espelho de águas da lagoa se espalha por uma área de 10,3 quilômetros quadrados. Situada numa região onde há cerca de 90 lagos, Palmas apresenta um formato que lembra a letra Y ou uma forquilha. Sua conformação faz com que a maior parte de sua água se concentre nas zonas fundas e distantes das bordas e que nem todas as camadas de água se misturem. Isso faz com que falte oxigênio nas partes mais profundas do lago. No trabalho, os autores também fazem um comentário sobre a situação no baixo rio Doce: “Há sinais de alerta de que o balanço das águas na bacia está sob pressão devido a usos não regulados da água para a irrigação durante todo o ano de culturas agrícolas”.
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