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MEDICINA

A poeira letal das pedras artificiais

Poeira formada pelos grãos finos de sílica causa doença agressiva

Tuaindeed / Getty Images

Uma forma bastante agressiva de uma doença pulmonar chamada silicose vem sendo registrada em trabalhadores que atuam no corte, lixamento e polimento de pedras artificiais de quartzo usadas em pias e bancadas de cozinha. Produzidas também no Brasil a partir da prensagem de grão de quartzo e uma mistura com resinas, polímeros e pigmentos, essas pedras contêm de 3 a 30 vezes mais sílica (SiO2) do que as naturais, de granito ou mármore. O preparo para a produção de tampos e bancadas libera grãos muito finos de sílica, que, inalados, se acumulam no pulmão e geram cicatrizes, as quais, com o tempo, deixam o órgão rígido e a respiração difícil. Não há tratamento eficiente para a silicose, exigindo, nos casos graves, o transplante de pulmão. Nos Estados Unidos, o primeiro caso de silicose associada à manufatura de pedras artificiais de quartzo foi descrito em 2014, no Texas, e outros 18 entre 2015 e 2019. Uma equipe da Universidade da Califórnia em São Francisco relatou 52 casos de silicose em trabalhadores da indústria de pedras artificiais californiana entre 2019 e 2022. As pessoas com silicose trabalharam de 10 a 20 anos no setor e receberam o diagnóstico entre 40 e 50 anos de idade. Quase metade (48%) continuou trabalhando na área após a confirmação da doença. O diagnóstico foi tardio em 58% dos casos, inicialmente confundidos com tuberculose ou pneumonia. Onze delas foram encaminhadas para transplante, mas só três conseguiram. Para seis, o procedimento foi negado e uma morreu antes de entrar na lista de espera (JAMA Internal Medicine, 24 de julho).

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