A Real Academia de Ciências da Suécia anunciou, até o fechamento desta edição, os ganhadores do Prêmio Nobel deste ano em três categorias. Em Medicina ou Fisiologia, o vencedor foi o biólogo japonês Yoshinori Ohsumi, professor do Instituto Tecnológico de Tóquio, Japão, por suas contribuições para a elucidação dos mecanismos da autofagia, processo biológico em que as células digerem a si mesmas e se renovam, eliminando e reaproveitando proteínas. Visto antes apenas como um tipo de morte celular, essa forma de autodestruição seletiva de componentes intracelulares passou a ser considerada pelos biólogos como um artifício de sobrevivência sofisticado dos organismos. Mais recentemente, diante da possibilidade de esse processo ser acelerado ou retardado, a autofagia tornou-se uma estratégia promissora para impulsionar o combate a doenças como câncer, Alzheimer e Parkinson. Os estudos de Ohsumi tomaram fôlego a partir de 1988, quando montou seu laboratório na Universidade de Tóquio, onde se graduou e trabalhou até meados dos anos 1990. Ele conseguiu mostrar que a autofagia é controlada pela produção em cascata de proteínas e complexos proteicos, cada um deles responsável pela regulação de um estágio específico da formação dos chamados autofagossomas. Graças às contribuições de Ohsumi, sabe-se hoje que a autofagia é essencial para o funcionamento adequado das células.
Os laureados em Física foram três britânicos radicados nos Estados Unidos: David Thouless, da Universidade de Washington, Michael Kosterlitz, da Universidade Brown, e Duncan Haldane, da Universidade de Princeton. Eles desvendaram as bases do que ficou conhecido como transições topológicas de fase e fases topológicas da matéria. A topologia é o ramo da matemática que descreve as propriedades que não mudam quando uma forma é alterada de modo gradual. A teoria mostrou que as regularidades inesperadas no comportamento da matéria estão por trás das transições de fase, como de sólido para líquido, e de materiais com propriedades extremas como supercondutores. Esse conhecimento ajuda na busca por novas fases da matéria, que podem ter usos tecnológicos, como computadores quânticos.
Em Química, os vencedores foram Fraser Stoddart, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, Bernard Feringa, da Universidade de Groningen, na Holanda, e Jean-Pierre Sauvage, da Universidade de Estrasburgo, na França. Foram premiados por suas contribuições para a produção de sistemas de associação de moléculas voltados à formação de sistemas nanomecânicos, as “máquinas moleculares”. Eles desenvolveram sistemas de moléculas com movimentos controláveis, capazes de desempenhar atividades específicas quando estimuladas eletricamente ou com luz.
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