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Boas práticas

Acesso a bebidas fica mais restrito em base científica norte-americana da Antártida

A venda de bebidas alcoólicas tornou-se mais restrita desde o início de outubro na estação norte-americana McMurdo, a maior base científica na Antártida, com capacidade para abrigar mais de mil pesquisadores, técnicos e visitantes durante o verão. A National Science Foundation (NSF), principal agência de apoio à ciência básica dos Estados Unidos, que supervisiona a pesquisa na estação, determinou que os bares de McMurdo passem a vender exclusivamente bebidas sem álcool. A medida não tem o alcance de uma lei seca, porque cada funcionário continuará a poder comprar em lojas da estação uma quota semanal de até 18 garrafas de cerveja, ou três garrafas de vinho ou uma garrafa de 750 mL de destilado. Em dois dos bares, o Southern Exposure e o Gallagher’s, os frequentadores ainda poderão consumir bebida comprada fora – já no terceiro, o Coffee House, que passará a ficar aberto dia e noite, o consumo de álcool não será permitido em nenhuma hipótese.

A mudança altera as regras de convívio social dos habitantes da estação, 70% dos quais são homens, e foi interpretada como uma nova estratégia de coibir o assédio sexual no ambiente isolado da Antártida. A NSF publicou no ano passado os resultados de um levantamento feito com cientistas e pessoal de apoio que atuaram em bases de pesquisa do país no continente gelado de 2018 a 2020. Segundo os dados, 72% das mulheres mencionaram o assédio sexual como um problema em sua comunidade. Para agressões sexuais, o índice foi de 47% (ver Pesquisa FAPESP nº 321). A maioria das queixas se concentrou justamente na base de McMurdo, que funciona desde 1955 e é o principal centro logístico do programa antártico dos Estados Unidos, com porto, pistas de pouso e mais de 80 edificações.

A NSF criou no ano passado um escritório para lidar com o problema, que disponibiliza 24 horas por dia uma linha telefônica para receber queixas. A agência informou que as mudanças nas regras de consumo de álcool buscam garantir o bem-estar dos habitantes da base e negou que a medida se destine especificamente a coibir o assédio. Mas anunciou outras medidas para prevenir agressões e importunações sexuais no próximo verão, como reforço em treinamento, uma nova pesquisa interna para monitorar o problema e visitas à estação de especialistas no assunto. “Não descansaremos até estarmos confiantes de que todos os membros da comunidade antártica estejam seguros e se sintam apoiados”, disse a professora de matemática Karen Marrongelle, diretora de operações da NSF, de acordo com a agência Associated Press.

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