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Paleontologia

Berçário de marsupiais

Felipe Alves Elias / PaleozoobrIlustração de Xenocynus crypticus, similar ao atual saruêFelipe Alves Elias / Paleozoobr

Um marsupial com o tamanho similar ao de um saruê ou gambá-de-orelha-branca (Didelphis aurita) viveu há cerca de 55 milhões de anos na região do atual município de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A partir da análise de dentes e arcadas dentárias, pesquisadores das universidades federais de Pernambuco (UFPE), Goiás (UFG) e Uberlândia (UFU) descreveram um gênero e uma espécie novos de metatério, grupo que inclui os marsupiais, e ganhou o nome de Xenocynus crypticus (o crypticus, escondido, em latim, deve-se ao fato de as partes do crânio terem sido deixadas nos anos 1960 no Museu de Ciências da Terra, no Rio, e reencontradas em 2017). Considerado de grande porte em comparação a outros metatérios, o animal deveria pesar cerca de 1,5 quilograma. Alimentava-se de invertebrados e pequenos vertebrados, de forma similar a outro marsupial encontrado ainda hoje no Brasil, a cuíca-de-cauda-grossa (Lutreolina crassicaudata). A bacia sedimentar de Itaboraí abrigou a mais diversa fauna de metatérios fósseis conhecida no mundo – ali já foram encontradas 43 espécies de metatérios. “Há 55 milhões de anos, a bacia de Itaboraí era uma floresta tropical, similar à Amazônia de hoje”, comenta Leonardo Carneiro, da UFPE, principal autor do estudo (Journal of South American Earth Sciences, julho).

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