Duas fêmeas de um macaco natural da Ásia são os primeiros primatas clonados com a técnica que nos anos 1990 gerou a ovelha Dolly. Da espécie cinomolgo (Macaca fascicularis), Zhong Zhong e Hua Hua são geneticamente idênticas – os nomes derivam do adjetivo zhonghua, que significa nação chinesa. Elas foram gestadas no útero de fêmeas diferentes e tinham, respectivamente, 8 semanas e 6 semanas de idade em 24 de janeiro. A equipe do pesquisador Qiang Sun, da Academia Chinesa de Ciências, gerou as macacas por transferência nuclear de célula somática. Na técnica, o núcleo (região com o material genético) de uma célula adulta é inserido em um óvulo previamente esvaziado. O primeiro mamífero obtido por transferência nuclear foi a ovelha Dolly (1996-2003), clonada a partir da célula de uma ovelha adulta pelos biólogos Ian Wilmut e Keith Campbell, na Escócia. Depois dela, mamíferos de outras 22 espécies já haviam sido clonados com a técnica, exceto primatas, pois as tentativas haviam falhado. Qiang Sun e colaboradores transferiram o núcleo de células da pele (fibroblastos) de um feto de cinomolgo abortado para óvulos sem núcleo. Depois acrescentaram compostos que favoreceram o desenvolvimento dos embriões. A eficiência foi baixa: 79 embriões foram implantados no útero de 21 macacas, mas só seis engravidaram. Zhong Zhong e Hua Hua foram os únicos filhotes que nasceram e sobreviveram (Cell, 24 de janeiro). Outro teste, com óvulos que receberam o material genético de células de ovário, gerou dois filhotes que morreram. Em 1999, nos Estados Unidos, o biólogo Gerald Schatten havia clonado Thetra, uma fêmea de macaco rhesus (Macaca mulatta), com uma técnica mais simples. A clonagem de primatas, argumenta a equipe chinesa, poderia servir para criar modelos animais mais realistas de doenças humanas ou para recuperar espécies ameaçadas de extinção.
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