Chove pouco no Polígono das Secas, região de clima semiárido que abrange 1.133 municípios do Nordeste brasileiro habitados por mais de 40 milhões de pessoas. E o pouco de chuva que cai por ali se concentra em poucos meses, de março a maio, tornando a região propensa a secas drásticas. Com equipes da Espanha e de Portugal, os meteorologistas Tercio Ambrizzi, da Universidade de São Paulo, e Everaldo Souza, da Universidade Federal do Pará, alimentaram um modelo computacional com informações sobre a umidade do ar de um período de cinco anos a fim de identificar a origem da água das chuvas na região. Analisando o caminho percorrido por partículas da atmosfera, concluíram que a maior parte da água que chega ao Polígono das Secas vem do Atlântico Sul, carregada pelos ventos. Apesar de vizinha, a superúmida Amazônia não contribui para as chuvas da região. Eles verificaram ainda que o vapor-d’água do oceano influencia principalmente as chuvas que ocorrem de janeiro a março, antes do período mais chuvoso, embora um volume de água maior do Atlântico entre no continente no mês de abril (PlosOne). Ventos que carregam a chuva para a Amazônia e para o sul do litoral nordestino parecem causar esse descompasso entre a entrada de mais umidade e a ocorrência de índices mais elevados de precipitação, afirmam os autores.
Republicar