Os macacos-prego da espécie Sapajus libidinosus são cheios de recursos. No Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, usam pedras e galhos como ferramentas para processar e obter alimentos e garantem a atenção – por horas a fio – de pesquisadores ocupados em estudar esses comportamentos raros no mundo animal. Um desses especialistas é o biólogo Tiago Falótico, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e primeiro autor de um artigo que descreve um aspecto de como os macacos quebram castanhas-de-caju (Folia Primatologica, 1º de março). O pesquisador observou que seis macacos adultos (de um grupo de 30 animais) posicionam, às vezes, os frutos lateralmente, de maneira que possam ser quebrados por uma pedra com menos força. Em alguns casos, o ato requer morder uma ponta da castanha para garantir o equilíbrio do fruto sobre a rocha que lhe serve como base. Na interpretação dos pesquisadores, alguns macacos adquirem, com a idade, compreensão de como romper mais facilmente a castanha. Essa percepção seria mais um elemento do repertório de comportamento dos animais, que adaptam o peso da pedra e o tipo de ferramenta de acordo com a dureza do fruto.
Republicar