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Carreiras

Cooperação internacional

Pesquisador sueco, radicado na Inglaterra, atuou um ano no InCor-USP na área de sono e ritmos circadianos

universidade de surrey“São Paulo já tem uma posição de liderança na ciência brasileira. Acredito que o estado poderá tornar-se um dos líderes globais no campo da pesquisa acadêmica em menos de cinco anos.” Foi com essa impressão que o biólogo sueco Malcolm Schantz, de 48 anos, deixou o Brasil em abril deste ano, após passar um ano sabático atuando como pesquisador visitante do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP). Professor de Biologia Molecular, Genética e Neurociência na Universidade de Surrey, na Inglaterra, Schantz dedica-se a estudar o sono e o ritmo circadiano (ciclo biológico de 24 horas), seus determinantes moleculares e como eles interferem na saúde humana. Ele é formado em Biologia e Química pela Universidade de Lund, na Suécia, onde fez doutorado com um período de três anos e meio na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla). De volta à Europa, fez pós-doutorado no Imperial College, em Londres, finalizado em 1997, ano em que foi contratado pela Universidade de Surrey.

Sua relação com o Brasil é antiga. Ele visitou o país pela primeira vez em 1995 para participar da conferência anual da Sociedade Brasileira do Sono, realizada em Curitiba. Pouco tempo depois, iniciou uma colaboração acadêmica com o professor Mario Pedrazolli, hoje da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, que também se dedica ao estudo do sono. Nessa época, Schantz ocupava o cargo de reitor adjunto da área internacional da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da universidade inglesa. “Durante os quatro anos que fui vice-reitor, visitei a USP várias vezes.”

No ano em que ficou no Brasil, Schantz participou de um estudo conduzido em conjunto por pesquisadores da USP e da Universidade de Surrey com moradores de Baependi, cidade mineira de 18 mil habitantes. A particularidade desse município está no fato de as pessoas cultivarem hábitos relacionados ao sono semelhantes ao da era pré-industrial. Dormem cedo e acordam assim que o dia amanhece. Por causa desse costume, os moradores de Baependi tornaram-se foco da pesquisa que busca compreender o regime de sono moderno.

“Esse estudo talvez seja único no mundo. Com o financiamento de longo prazo da FAPESP, é possível para os pesquisadores do nosso grupo seguir a jornada dos habitantes de Baependi”, diz Schantz. De volta à Inglaterra, ele planeja não ficar muito tempo longe de São Paulo. “Consegui uma bolsa do programa Ciência Sem Fronteiras, na modalidade de Pesquisador Visitante Especial, que prevê uma visita de um mês, durante três anos seguidos ao Brasil”, explica. “Com isso, terei oportunidade de encontrar meus colegas brasileiros, que se dedicam ao trabalho científico com uma satisfação e entusiasmo raros de ver.”

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