O Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec), do Ceará, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão criando incubadoras para abrigar pequenas empresas produtoras de medicamentos genéricos. As duas iniciativas são piloto, contam com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e passaram a integrar o Projeto Nacional de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica.
O CNPq vai financiar a compra dos equipamentos e material de consumo, de acordo com Kumiko Mizuta, coordenador-geral de Pesquisa Agropecuária e de Biotecnologia do CNPq. Os dois contratos, já firmados, têm validade de dois anos, podendo ser prorrogados. A expectativa do CNPq é que os projetos contemplem toda a cadeia produtiva dos genéricos, inclusive a sintetização de princípios ativos desses medicamentos. Atualmente, apenas 15% dos princípios ativos dos genéricos são produzidos no país. As novas empresas vão produzir medicamentos com grande demanda como o captopril, ampicilina, cefalexina, cetoconazol e verapamil.
Mercado garantido
No Padetec estão incubadas 17 empresas, sete delas com competência para produzir genéricos. O princípio ativo dos medicamentos será desenvolvido pela Polifarma, empresa farmacêutica que está se instalando no Ceará. O mercado também está garantido: o governo do Estado do Ceará, que compra uma média de R$ 7 milhões em genéricos, vai absorver a produção de medicamentos e garantir às novas empresas um faturamento médio de R$ 1 milhão por ano, nas contas de Afrânio Craveiro, superintendente do Padetec. “O governo, interessado em estimular a criação de um pólo farmacêutico no Estado, vai apoiar o start up dessas empresas, adquirindo os seus produtos e por meio de incentivos à produção”, diz. O Padetec, que contará com R$ 750 mil do CNPq, ao longo de dois anos, pretende também estimular o desenvolvimento de empresas com capacidade de desenvolver princípio ativo de medicamentos, como é o caso da Procariri, que vai produzir o L-Zopa, utilizado no tratamento do mal de Parkinson.
Os genéricos produzidos pelas empresas incubadas no Parque deverão chegar ao mercado em junho, quando também entrará em operação a fábrica da Polifarma. Serão certificados pela Unidade de Farmacologia Clínica, a ser inaugurada no dia 23 de março deste ano, que será responsável pela realização dos testes de bioequivalência dos genéricos.
Medicamentos “órfãos”
Na UFRGS, a idéia de criar uma incubadora para a produção de genéricos e de medicamentos “órfãos” – que não estão no mercado com apresentação desejada, como, por exemplo, remédios sem apresentação pediátrica – surgiu há três anos, antes mesmo da regulamentação desses medicamentos. “A Faculdade de Farmácia já tinha laboratório industrial e pretendia qualificá-lo para o desenvolvimento de novas tecnologias e para abrigar uma incubadora que aumentasse as chances de aplicação comercialda pesquisa acadêmica”, diz Paulo Mayorga, coordenador do projeto na universidade.
A UFRGS vai investir R$ 400 mil na construção de área física, adequada às normas de produção de medicamentos, para abrigar empresas novas ou já constituídas. O projeto terá uma planta para atender a medicamentos de forma sólida (comprimidos, cápsulas, granulados, etc.) e um laboratório para o desenvolvimento de medicamentos que será compartilhado pelas empresas incubadas. O CNPq aportará outros R$ 350 mil, ao longo de dois anos.
“Já existem vários grupos interessados. Publicaremos o edital para a seleção das empresas até o final do primeiro semestre e as propostas serão avaliadas por sua viabilidade técnica e perspectivas do mercado”, afirma Mayorga. A meta é sincronizar o empreendimento com as demandas do Sistema de Saúde. “Estamos buscando o apoio do Estado. A evolução natural é que o projeto seja um núcleo gerador de novas tecnologias, dê origem a um parque tecnológico, criando novos empregos e ampliando a receita regional.”
Republicar