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Boas práticas

Desvio ético em estudo sobre melanoma

Um importante centro de pesquisa oncológica da Austrália está às voltas com um caso de má conduta científica. Uma investigação interna concluiu que um estudo sobre melanoma conduzido no Peter MacCallum Cancer Center, em Melbourne, descreveu um experimento que, provavelmente, jamais foi realizado. O artigo, publicado em abril de 2016 no Journal of Clinical Oncology, foi coordenado pelo imunologista Mark Smyth, que trabalhou no centro durante 13 anos. O estudo analisou o caso de uma mulher de 39 anos que teve melanoma com metástase nos ossos. Ela recebeu dois tipos de anticorpos, o ipilimumab e o denosumab, e teve boa recuperação: os tumores regrediram e a dor óssea desapareceu. Para avaliar em detalhes o efeito obtido, a combinação dos anticorpos foi aplicada em camundongos com melanoma e, segundo as conclusões do estudo, também se revelou eficaz. Essa segunda etapa em modelo animal, contudo, não tem sustentação. A nota de retratação do artigo menciona os resultados de uma investigação externa que não encontrou correlação entre o número de roedores alegadamente usados na pesquisa e os registros oficiais de utilização de animais. “No balanço das possibilidades, é improvável que as experiências mostradas tenham sido realmente realizadas”, diz a nota. Enquanto trabalhava na instituição em Melbourne, Smyth recebeu quase 17 milhões de dólares australianos, o equivalente e R$ 54 milhões, em financiamento público para nove projetos de pesquisa. O nome do oncologista esteve ligado recentemente a um outro escândalo no QIMR Berghofer Medical Research Institute, em Brisbane, onde ele foi trabalhar depois que saiu de Melbourne e de onde saiu no ano passado. Em abril, uma investigação concluiu que ele fabricou dados de pesquisa usados para lastrear pedidos de financiamento e protocolos de ensaios clínicos. Procurado pelo jornal The Sydney Morning Herald, Smyth não quis se pronunciar.

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