A professora Maria Palmira Daflon Gremião, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, conseguiu um melhor aproveitamento de medicamentos contra a esquistossomose ao utilizar lipossomas, que são partículas capazes de encapsular outras substâncias e levá-las a um local preciso do organismo. “Lipossomas são sistemas compostos de fosfolipídios (componentes de gordura das membranas celulares) que possibilitam a diminuição das doses dos medicamentos, direcionando o fármaco para órgãos ou regiões específicas do corpo, além de permitir melhor biodisponibilidade na circulação sanguínea”, explica Maria Palmira. Ela conseguiu preparar lipossomas de fármacos esquistossomicidas e comprovar sua eficácia na redução de ovos e de indivíduos do verme Schistosoma mansoni, em testes realizados in vivo com camundongos.
São 8 a 10 milhões de infectados com esquistossomose no Brasil e apenas dois fármacos para o tratamento: oxamniquina e praziquantel, ambos com muitos efeitos colaterais. Em altas doses comprometem os rins e possibilitam o aparecimento de algumas cepas resistentes do parasita. O melhor processo obtido pela pesquisadora foi com lipossomas de praziquantel. “Observamos a redução de parasitas e ovos em camundongos”, diz Maria Palmira. Antes dos testes em humanos, vamos avaliar outras formulações de lipossomas e novas vias de administração, como a injetável, porque testamos os fármacos apenas em comprimidos.”
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