Dezoito grupos de trabalho, coordenados por oncologistas e cirurgiões paulistas, afiliaram-se ao Programa Genoma Clínico do Câncer, implementado pela FAPESP e Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, para analisar o desenvolvimento dos genes expressos em quatro tipos de manifestação do câncer: as doenças linfoproliferativas, tumores gastrointestinais, tumores neurológicos e de cabeça e pescoço. A Fundação e o Instituto colocarão à disposição dos grupos, por um período de dois anos, US$ 1 milhão para o financiamento de equipamentos e pessoal diretamente envolvido na coleta de material e dados clínicos dos pacientes.
Cada tipo de tumor será analisado por, no mínimo, seis grupos de clínicos e cirurgiões. Nas pesquisas, eles contarão com o apoio de outros quatro grupos, formados por patologistas, responsáveis pela homogeneização dos critérios diagnósticos, classificação de tumores, entre outros, e por epidemiologistas que auxiliarão no planejamento dos projetos, como, por exemplo, na definição do número de pacientes da amostra e de estatísticas vitais. “Cada um dos coordenadores está ligado a grandes clínicas ou hospitais com seus próprios critérios diagnósticos, classificação da doença, etc. No programa, é preciso unificar tudo isso de forma a se chegar a resultados comuns”, justifica Marco Antonio Zago, coordenador do programa.
No último dia 11, os grupos se reuniram pela primeira vez, para definir os tipos de tumores cujo desenvolvimento irão acompanhar. O segundo passo será iniciar a coleta de material biológico e as observações clínicas. A expectativa é de que, a partir do sexto mês do programa, os grupos já tenham material suficiente para iniciar as análises. “O material coletado será examinado por laboratórios a serem definidos”, afirma Zago. Os laboratórios vão analisar a expressão genômica de cada tumor e comparar com o desenvolvimento de células normais. “Numa primeira abordagem, serão utilizados os clones do Genoma Câncer.” A estratégia de pesquisa é associar o material biológico com o histórico do paciente, tipo de tumor, resposta a tratamento e evolução da doença. “E isso é crítico para que se tenha algum tipo de informação organizada”, diz Zago.
Antes do início da coleta de material, os coordenadores deverão pedir autorização para os comitês de ética de seus respectivos hospitais, e fazer termos de consentimento associados a uma explicação que será apresentada ao paciente, sob supervisão do comitê de ética.Uma das principais metas do Programa Genoma Clínico é transferir o sucesso dos projetos básicos do Genoma Câncer para a parte aplicada, de acordo com Zago. Outro ponto relevante é que o programa pretende criar um modelo de organização de pesquisa a partir de grupos colaborativos, com metas específicas. “Se der certo, esse modelo pode valer para outros temas médicos relacionados, como por exemplo, a diabetes.”
Relação dos coordenadores
Alberto Alain Gabbai (Unifesp)
Angelita Habr-Gama (USP)
Antonio Sergio Petrilli (Unifesp)
Carlos Eduardo Bacchi (Unesp)
Carlos Gilberto Carlotti Jr. (USP-RP)
Delcio Matos (Unifesp)
Francisco Gorgonio da Nóbrega (Univap)
Gisele Wally Braga Colleoni (Unifesp)
Ivan Cecconello (USP)
Joaquim José Gama-Rodrigues (USP)
José Eluf Neto (USP)
José Francisco de Gois Filho (IC Arnaldo Vieira de Carvalho)
Kiyoshi Iriya (USP)
Luiz Gonzaga Tone (USP-RP)
Marcello Fabiano de Franco (USP)
Marcos Brasilino de Carvalho (Heliópolis Hospital)
Maria Lucia de Martino Lee (Unifesp)
Nora Manoukian Forones (Unifesp)
Patricia Maluf Cury (FMSJRP)
Paulo Andrade Lotufo (USP)
Pedro Michaluart Junior (USP)
Raul Cutait (Hospital Sírio Libanês)
Sergio Rosemberg (USP)
Silvia Regina Brandalise (Centro Infantil Boldrini)
Suely Kazue Nagahashi Marie (USP)
Venâncio Avancini Ferreira Alves (USP)
Vera Luiza Capelozzi (USP)
Vicente Odone Filho (USP)
Victor Wünsch Filho (USP)