Mais uma evidência de que os morros rochosos isolados chamados de inselbergs funcionam realmente como berçários de novas espécies de plantas: a troca de genes entre espécies diferentes de orquídeas em um mesmo morro pode ser maior do que entre a mesma espécie em morros próximos, desse modo favorecendo a formação de novos exemplares em um mesmo lugar. A constatação foi demonstrada em um estudo de botânicos de São Paulo e da Paraíba, em colaboração com colegas da Itália e do Equador, publicada em março na revista BMC Evolutionary Biology. Os pesquisadores compararam marcadores genéticos de exemplares da orquídea Epidendrum cinnabarinum coletados em 11 lugares. Também confrontaram esses marcadores com os de outra espécie, E. secundum, de nove localidades da caatinga e mata atlântica do Nordeste, situados de 12 quilômetros a mil quilômetros de distância entre elas. Em alguns casos constatou-se uma forte diferenciação genética dentro de uma mesma espécie, já refletindo um isolamento entre as populações. Os indivíduos de orquídeas dessas espécies que cresceram na Chapada Diamantina e no Planalto da Borborema mostraram uma diferenciação genética que deve ter se intensificado ao longo dos últimos 120 mil anos.
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