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Tecnociência

Engenharia correta para o lixo urbano

Nada como a simplicidade para resolver problemas aparentemente insolúveis. O destino do lixo urbano, uma das grandes dores de cabeça de qualquer prefeito, recebeu algumas idéias criadas pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que poderão ser imitadas por todos os pequenos municípios entre 20 mil e 30 mil habitantes. A equipe da professora Liséte Lange, do Departamento de Engenharia Sanitária da universidade, decidiu se inscrever no Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (Prosab), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, para criar alternativas de disposição de resíduos sólidos para pequenas comunidades.

“Resolvemos fazer uma experiência em escala real e conseguimos um convênio com a prefeitura de Catas Altas, interior de Minas Gerais, de 5 mil habitantes”, diz Liséte, coordenadora do projeto. O trabalho consistiu em usar uma área de 38 hectares para depositar o lixo da cidade. A diferença com os lixões comuns é que foram aplicadas todas as técnicas de engenharia para evitar problemas ambientais e sanitários. Nessa área de 38 hectares são abertas valas no formato de trapézio, de 5 metros na parte mais alta e de 3 metros na parte baixa. É cavado um buraco de 3 metros de profundidade, que recebe um sistema de drenagem.

São construídos dutos com garrafas PET (de plástico) para liberar os gases decorrentes da decomposição do material. Até a compactação do lixo que vai para a vala é feita com um rolo manual muito barato, criado pela equipe da universidade. Na vala cabe 1,8 tonelada de lixo (ela leva de três a quatro meses para ser preenchida com essa quantidade). Depois de cheia, a vala é coberta e são plantadas gramíneas. “Os 38 hectares deverão estar esgotados em 15 anos.” Quando a coleta seletiva de lixo começar a funcionar na cidade, esse prazo deve aumentar para 20 anos. O projeto custou apenas R$ 45 mil à prefeitura de Catas Altas no primeiro ano (2001), mas vai cair em 2002 porque a maior parte do investimento em infra-estrutura já foi feito.

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