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Estratégias

O holocausto dos jovens

Os assassinatos de crianças e adolescentes no país quadruplicaram no período de 1980 a 2002, de acordo com o estudo Homicídios de crianças e jovens no Brasil, lançado no final de novembro pelo Centro de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo – um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP, também conhecido como Núcleo de Estudos da Violência (NEV). O objetivo do trabalho é preencher lacunas no conhecimento sobre violência contra brasileiros de 0 a 19 anos. A obra traz levantamentos que subsidiaram o Relatório mundial sobre violência contra a criança, coordenado pelo professor Paulo Sergio Pinheiro, expert independente do secretário-geral da ONU sobre a violência contra a criança. Segundo Maria Fernanda Tourinho Peres, uma das coordenadoras da pesquisa, há um quadro de crescimento dos homicídios em todos os estados, em todas as faixas etárias e em ambos os sexos. Os números, diz o relatório, são os maiores do mundo em países que não enfrentam guerra interna. “No período estudado, a taxa passou de 3,1 mortes por 100 mil jovens para 12,6 por 100 mil. Em números absolutos, os assassinatos aumentaram de 1.825 em 1980 para 8.817 em 2002”, disse. Quase 90% das mortes ocorreram na faixa etária dos 15 aos 19 anos, com predominância do uso de armas de fogo (59%). A situação é mais grave em São Paulo (36,8% dos homicídios no país) e no Rio de Janeiro (17%), com predomínio em grandes regiões metropolitanas. Em São Paulo a maior parte dos homicídios corresponde à execução sumária ligada à vingança, ao acerto de contas e à queima de arquivo. No Rio de Janeiro e no conjunto do país predomina a violência policial. “Esse estudo é um diagnóstico inicial. A idéia é que funcione como instrumento para a formulação de políticas públicas, de programas de prevenção e de aprofundamento de pesquisas”, disse Maria Fernanda. É possível fazer o download do relatório no site www.nevusp.org.br.

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