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BOAS PRÁTICAS

Estudos retirados

Novo repositório reúne preprints problemáticos que foram removidos por seus autores

Um banco de dados criado por pesquisadores norte-americanos vai servir de referência para estudos sobre o uso de preprints, um tipo de publicação científica de divulgação rápida que traz resultados preliminares ainda não avaliados por outros especialistas. Trata-se do WithdrarXiv, combinação das palavras withdraw, retirar em inglês, e arXiv, um dos mais tradicionais arquivos públicos de preprints, criado em 1991 para receber resultados de pesquisa principalmente nos campos da física, astronomia e matemática. O banco reúne cerca de 14 mil trabalhos divulgados e removidos no arXiv, e foi apresentado em um manuscrito depositado em dezembro no próprio repositório por cientistas da computação das universidades da Pensilvânia e Estadual do Oregon. O estudo também analisa as razões que levaram os autores a retirar seus preprints da plataforma. A existência de erros factuais e de metodologia foi a causa das remoções de mais de 6 mil textos. Outros 3,1 mil foram removidos por estar incompletos – a conclusão ocorreu depois –, enquanto 2,8 mil continham dados incorporados posteriormente a estudos mais abrangentes. Com menor frequência, preprints foram retirados devido a problemas legais, erros de digitação, plágio ou por não trazerem novidade alguma.

O perfil das remoções de preprints, mostra o estudo, é bem diferente do padrão de artigos de revistas científicas que sofrem retratação, ou seja, que são considerados inválidos depois de publicados, por conterem erros ou evidências de má conduta. “Erros factuais ou metodológicos em manuscritos em geral são erradicados no processo de revisão por pares”, comentou, de acordo com a revista Nature, Vedran Katavić, pesquisador da Universidade de Zagreb, na Croácia, um estudioso de retratações de artigos acadêmicos, que não participou do estudo sobre o WithdrarXiv. “O ímpeto para publicar um estudo em um servidor de preprint é o de ser o primeiro a divulgar um resultado, sem estar necessariamente correto”, diz. A cientista da informação Jodi Schneider, pesquisadora da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, ressalta que, enquanto remoções de preprints em geral são feitas por iniciativa dos autores, as retratações são decididas pelos editores das revistas científicas, muitas vezes sem a concordância dos autores. Segundo ela afirmou à Nature, a análise das causas da remoção de preprints pode ajudar a reduzir a incidência de manuscritos problemáticos.

A reportagem acima foi publicada com o título “Novo repositório reúne preprints problemáticos que foram removidos por seus autores” na edição impressa nº 348, de fevereiro de 2025.

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