Nas vespas eussociais basais, especificamente nas tribos Polistini e Mischocyttarini, a condição fisiológica de cada indivíduo é fortemente associada com o seu status de dominância na hierarquia colonial. Como regra, nas vespas de fundação independente, as fêmeas são morfologicamente semelhantes e suas funções são aparentemente bastante flexíveis quando adultas. Entretanto, alguns estudos têm demonstrado que diferenças no tamanho corpóreo podem existir entre as fêmeas reprodutivas e não reprodutivas. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi detectar diferenças entre fêmeas consideradas reprodutivas (inseminadas) e não reprodutivas (não inseminadas) baseando-se em parâmetros morfológicos e fisiológicos. O repertório comportamental de seis colônias de Mischocyttarus cassununga foi observado diariamente no campo com a ajuda de uma filmadora e em seguida todas as colônias em diferentes fases do ciclo foram coletadas para a mensuração de 13 caracteres e análise da condição fisiológica (quantidade de corpo gorduroso e grau de desenvolvimento ovariano) de cada uma das fêmeas. Observou-se que as fêmeas inseminadas e não inseminadas não são significantemente diferentes em relação ao tamanho do corpo, apesar de o primeiro grupo apresentar uma média maior do que o segundo em quase todas as regiões corpóreas medidas. A análise de cada indivíduo demonstrou a presença de mais de uma fêmea inseminada por colônia durante todas as fases do ciclo colonial, sugerindo uma condição estratégica desta espécie ante as dificuldades (predação e parasitismo da colônia). O estudo está no artigo “Mais de uma fêmea inseminada nas colônias da vespa de fundação independente Mischocyttarus cassununga von Ihering (Hymenoptera, Vespidae)”, de André S. N. Murakami, Sulene N. Shima e Ivan C. Desuó, da Universidade Estadual Paulista.
Revista Brasileira de Entomologia – vol. 53 – nº 4 – São Paulo – dez. 2009
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