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Zoologia

Fauna única no pico da Neblina

Próximo à bandeira que marca o ponto mais alto do Brasil, em uma altitude de quase 3 mil metros no pico da Neblina, pesquisadores reviraram uma pedra e encontraram um pequeno sapo castanho com cerca de 2 centímetros (cm) de comprimento. Não tinham ideia de como classificá-lo. Cerca de mil metros mais abaixo, encontraram outro anfíbio enigmático em meio ao capim. Só com sequenciamento genético foi possível explicar a dificuldade de identificar os achados: eles pertencem a duas novas famílias. Em cada uma delas, só são conhecidas (por enquanto) as espécies encontradas, que receberam os nomes de Neblinaphryne mayeri e Caligophryne doylei. O primeiro homenageia o general Sinclair James Mayer, responsável por contatos entre projetos universitários e o Exército. “Sem ele, não teríamos feito a expedição ao pico da Neblina em 2017 nem a seguinte, à serra do Imeri, em 2022”, conta o zoólogo Miguel Trefaut Rodrigues, da Universidade de São Paulo. A segunda espécie faz referência ao livro O mundo perdido, do escritor escocês Arthur Conan Doyle (1859-1830). As famílias recém-descritas podem ser resquícios de uma fauna em grande parte extinta, o que leva os pesquisadores a qualificarem a região montanhosa da Amazônia como um berçário, onde surgem novas espécies, e um museu, que guarda testemunhos do passado (Molecular Phylogenetics and Evolution, 22 de novembro).

Renato Recoder / USP | Miguel Trefaut Rodrigues / USPNeblinaphryne mayeri (à esq.) e Caligophryne doylei: membros únicos de novas famílias de anfíbiosRenato Recoder / USP | Miguel Trefaut Rodrigues / USP

O site da revista Pesquisa FAPESP traz uma versão ampliada desta reportagem.

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