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Bioquímica

Fortificante vegetal

Pesquisadora sintetiza fitormônio que faz crescer a massa de plantas e aumenta o número de sementes

Aumento da massa e do número de sementes do grão-de-bico, de sementes do arroz e dos grãos por vagem do feijão foram algumas mudanças observadas nas plantas após a aplicação, na parte aérea, de um hormônio de origem vegetal sintetizado em laboratório. As flores ornamentais também mantiveram suas características preservadas durante um período de tempo maior que o habitual nos testes feitos por pesquisadores do Laboratório de Fitoquímica, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), com o fitormônio 24-epibrassinolídeo, da classe dos brassinosteróides.

Os resultados foram obtidos num projeto que recebeu apoio da FAPESP na modalidade Apoio a Jovem Pesquisador, coordenado por Mariângela de Burgos Martins de Azevedo. “Vários grupos do exterior tinham feito testes, e os resultados eram muito bons para a colheita”, conta Mariângela. A idéia era sintetizar alguns brassinosteróides naturais e, se houvesse tempo, alguns análogos, ou seja, substâncias com estrutura semelhante à desses fitormônios, mas não encontradas na natureza.

No decorrer do processo, o grupo começou a fazer testes para potencializar sua atividade. Para isso, resolveu encapsular os brassinosteróides em ciclodextrinas. Essas substâncias naturais, produzidas pela degradação do amido, são formadas por seis, sete ou oito moléculas de glicose, cuja estrutura apresenta uma cavidade capaz de alojar moléculas em seu interior. O sucesso do experimento levou os pesquisadores a requerer a patente do composto de inclusão dos fitormônios em ciclodextrinas para aplicação agrícola. Quando estão inclusos, sua liberação ocorre conforme a necessidade da planta. Segundo Mariângela, essa técnica é usada para produtos farmacêuticos e cosméticos.

Os análogos também demonstraram ter grande potencial de aplicação. “Embora a atividade biológica seja um pouco inferior à dos hormônios naturais, eles são mais viáveis em termos de custo de preparação”, avalia Mariângela. A preparação dos análogos faz parte de um outro trabalho, desenvolvido por Marco Antonio Teixeira Zullo, também do Laboratório de Fitoquímica do IAC.

A patente já despertou o interesse de uma empresa de capital de risco, mas as negociações não foram adiante porque ela não quis investir em estudos para o emprego do produto em larga escala. Mariângela, no entanto, se considera satisfeita com os resultados porque a proposta inicial levou a novas perspectivas de pesquisa, agora na área de fármacos, com o desenvolvimento de um medicamento antitumoral que está em fase de testes.

O Projeto
Síntese de brassinosteróides, importantes promotores de crescimento vegetal (nº 99/05119-7); Modalidade Programa de Apoio a Jovem Pesquisador; Coordenadora Mariângela de Burgos Martins de Azevedo – IAC; Investimento R$ 74.985,00 e US$ 43.800,00

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